São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Mortes por hemodiálise são caso raro

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A hemodiálise (processo de filtragem do sangue) evoluiu muito na última década e é hoje um método seguro para as pessoas que têm rins que deixaram de funcionar. Tragédias como a do Instituto de Doenças Renais de Caruaru (PE) são bastante raras.
Cerca de 25 mil doentes se submetem à diálise, três vezes por semana, em 500 centros no Brasil. São mais de 3,5 milhões de diálises por ano.
João Egidio Romão Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Nefrologia e responsável pelo serviço de diálise do Hospital das Clínicas da USP, diz que o número de mortes e acidentes causados por diálise é muito pequeno. Segundo Romão, o que acontece é que os pacientes que vão para diálise têm uma taxa de mortalidade elevada em função das complicações prévias de sua saúde (leia abaixo).
Nas unidades de diálise que obedecem a padrões estabelecidos de qualidade é muito incomum que algum doente morra ou tenha complicações em função desse processo. Os rins funcionam como uma espécie de filtro. Eles retiram do sangue substâncias tóxicas liberadas durante as reações químicas do organismo -como a uréia.
Os rins também controlam o volume de água do corpo e o balanço dos íons -elementos químicos que devem permanecer em uma concentração exata para que o organismo funcione normalmente.
Quando os rins deixam de trabalhar, a pessoa pode morrer em poucas semanas. Nessa situação, a diálise é a saída imediata.
Ela substitui parcialmente a função dos rins. Claudio Luders, nefrologista do Hospital Evaldo Foz (São Paulo), explica que uma sessão de diálise executa 15% do trabalho desses órgãos
O paciente vai para o hospital e fica de três a quatro horas ligado a uma máquina, que retira cerca de 300 ml de sangue por minuto.
O sangue passa por uma série de pequenos tubos e entra em contato com uma solução especial, que retém parte das impurezas. Depois de várias passagens pela máquina, o sangue fica mais "limpo", e o organismo, mais equilibrado.
Em dois ou três dias, uma nova diálise deve ser feita. Segundo Luders, entre as sessões o organismo acumula cerca de três litros de líquido e triplica os níveis de uréia.
A diálise é, na maioria dos casos, um recurso provisório, utilizado enquanto um transplante de rim não pode ser feito.
No entanto, pacientes que não acham doador ou não têm condições de suportar uma cirurgia (principalmente os mais idosos), acabam usando a diálise como solução definitiva.
Os principais candidatos à diálise são pessoas com doenças como o diabetes e a hipertensão arterial (pressão alta). Cerca de um terço dos diabéticos, mesmo que tratados adequadamente, acaba desenvolvendo insuficiência renal em 15 ou 20 anos de doença.

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