São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Menino é 'mascote' entre carroceiros do largo São Bento

LALO DE ALMEIDA; ROGÉRIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

F.S.P., o "Zequinha", não se lembra quando veio para a rua. Ele diz que morava numa favela, em São Mateus (zona leste de São Paulo), e que uma vizinha o trouxe.
Hoje, não consegue mais voltar para casa. "Me acostumei a ficar na rua", diz.
Nascido em 1981 ou 1982 (ele não sabe ao certo sua data de nascimento), Zequinha vive entre adultos, carroceiros que ficam no largo São Bento (centro), tratado como um mascote.
Gago e com dificuldades para se expressar, Zequinha diz que tem poucos amigos na rua. Passa os dias andando sozinho pelo centro da cidade.
À noite, sempre encontra um lugar em uma das carroças estacionadas no largo para dormir.
"Ele vai para lá e volta sempre limpinho, com uma roupa nova, mas ele não se apega a nada, em pouco tempo já está sujo e rasgado de novo", conta "Cigano", um dos carroceiros do largo São Bento que convivem com ele.
Ele diz que não rouba nunca e que vive de doações. "Sempre tem alguém que vem aqui dar roupa e comida para a gente", diz.
Desconfiado, relutou em contar a sua história. "É que me disseram que dois policiais estavam atrás de mim e pensei que eram vocês", disse, referindo-se aos repórteres.
(LA e RW)

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