São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Ineficiência marca bancos brasileiros

Estudo faz comparação internacional

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O sistema bancário brasileiro é hoje altamente ineficiente, quando se compara com referências internacionais. A avaliação é do Banco Fator, com base em dados da Salomon Brothers e Suma Econômica.
O indicador de despesas administrativas dos bancos brasileiros em relação aos ativos (o que as instituições possuem de bens e direitos) é de 9,29%. Esse custo é de 7,17% na Argentina, 5,45% no México e 3,73% nos Estados Unidos.
Segundo a avaliação do Banco Fator, a necessidade de aumento na eficiência operacional deve acarretar uma redução no número de empregos, queda no número de agências e aumento nos investimentos em tecnologia, ampliando as atividades de auto-atendimento por parte dos clientes.
O departamento técnico do Banco Fator estima que haverá corte entre 20% e 30% no quadro atual de funcionários do sistema financeiro, por causa da queda na rentabilidade bancária gerada com a redução nas taxas inflacionárias.
Há uma década (1985) a rentabilidade bancária era de 17,9%, caiu para 7% em 1991 (após o Plano Collor), recuperou-se para 12,7% em 94 e foi de 11,5% no ano passado.
Menos bancários
Os números demonstram que os bancos estão diminuindo também o quadro de pessoal há muito tempo. Havia 824.316 trabalhadores nos bancos em dezembro de 89. Ao final de 95 eram 576.853 bancários.
Os bancos brasileiros reduziram o número de funcionários, mas continuaram a ampliar os pontos de atendimento (soma de agências e postos de serviços), que apresentam tendência crescente, passando de 15.463 em 1980 para 32.319 ao final de 95.
O estudo observa que a concorrência entre as instituições bancárias de varejo (com grande número de agências) tende a se acentuar fortemente nos próximos anos.
Concentração
Uma parte do ajuste do sistema terá como base o inevitável encolhimento dos bancos públicos, que possuem no momento estrutura mais inchada que os privados.
O enxugamento dos bancos públicos deve liberar clientes para as instituições privadas. Isso deve ocorrer por meio do fechamento de agências ou pela privatização de instituições, como no caso de alguns bancos estaduais.
O acirramento da concorrência deve fazer com que as maiores instituições tenham vantagens sobre as menores: seja por economia de escala ou pelo simples fato de que, aos olhos do público, um grande banco é sempre mais seguro.
Há a possibilidade de que alguns bancos estrangeiros aumentem sua participação no varejo.
O estudo do Banco Fator indica que, num primeiro momento, as aquisições de bancos de pequeno ou médio porte deverão ter como compradores instituições de porte semelhante, ou bancos de atacado. Numa segunda fase, muitas das instituições não terão condições de sobreviver -especialmente as de controle familiar não-profissional e com resistências a mudanças.

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