São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Número de milícias quadruplica nos EUA

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

As milícias extremistas, grupos paramilitares antigovernamentais, quadruplicaram no último ano nos EUA, segundo relatório de uma entidade de direitos humanos divulgado na semana passada.
Esses grupos, que se declaram "patrióticos", são considerados a principal ameaça de terrorismo no país. Formados basicamente por homens brancos, muitos têm orientação racista e acham que o Estado interfere demais na vida do cidadão.
A Southern Poverty Law Center, entidade criada em 1971 no Alabama (sul dos EUA), estuda as milícias há dois anos. O documento "Os Falsos Patriotas: A Ameaça dos Extremistas Antigoverno", identifica 809 organizações. Em 95, haviam sido listadas 205.
Segundo o relatório, os participantes das milícias têm treinamento semelhante ao militar, armas modernas e amplo acesso a literatura sobre a construção de bombas, por exemplo.
Muitos deles se colocam geograficamente próximo às divisões de elite do Exército norte-americano, tentando recrutar adeptos.
Uma pesquisa feita pelo próprio Exército mostra que 7,1% dos soldados têm alguma ligação com extremistas (leia na pág. seguinte).
"Essa aproximação é perigosa. Os soldados americanos têm o melhor treinamento do mundo. Sua ligação com os extremistas nos preocupa muito", afirma Joe Roy, um dos coordenadores do Southern Poverty Law Center.
O mais famoso grupo extremista norte-americano é a Klu Klux Klan, conhecido pela perseguição a negros no sul dos EUA.
"A KKK perde adeptos porque o racismo declarado traz impopularidade. A tática atual é se colocar contra o governo, deixando a tese da supremacia da raça branca como pano-de-fundo", afirma Roy.
Em geral, os extremistas são contra o direito de voto das mulheres, acham desnecessárias as medidas de proteção ao meio ambiente e a ação afirmativa -conjunto de medidas que beneficia minorias.
Além disso, são contra impostos e acham que a todas as pessoas têm o direito de andar armadas. "A maioria dos membros desses grupos teve algum desapontamento com o governo. Eles podem perdido emprego por causa da ação afirmativa", diz Roy.

LEIA MAIS sobre extremistas nos EUA na págs. 22, 23 e 24

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