São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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TV do Hizbollah mostra espião pró-Israel

ROBERT FISK
DO "THE INDEPENDENT", EM BEIRUTE

Apenas umas poucas horas depois que helicópteros israelenses tinham feito seu primeiro ataque sobre os subúrbios do sul de Beirute na quinta-feira, a TV local do Hizbollah, a Manar (Farol), mostrou uma entrevista com um um homem libanês, sem que seu rosto pudesse ser identificado.
O homem contou que era agente de Israel no sul do Líbano. Ele disse que se casou com uma mulher que morava na área de ocupação de Israel e tinha sido recrutado por representantes israelenses durante visita ao vilarejo de sua mulher.
Não estava claro se o homem era um prisioneiro ou um desertor, mas as suas informações eram precisas. Por meses, ele havia morado em uma área ao norte da zona de ocupação, juntando detalhes sobre o equipamento e os movimentos do Hizbollah.
Em um conjunto de mapas fotográficos fornecido pelos israelenses, ele havia cuidadosamente marcado a casa de cada membro do Hizbollah.
Ele tinha entregue as informações, segundo disse, por e-mail (correio eletrônico) que operava com equipamento fornecido por Israel. Ele mantinha os aparelhos escondidos dentro da sua TV.
O Hizbollah estava enviando duas mensagens pela sua estação de TV: que a base histórica do conflito está sendo ignorada -em alguns casos deliberadamente- e que os israelenses estavam planejando essa operação há meses, da mesma forma que o Hizbollah estava preparando seus próprios métodos de confrontar um ataque israelense.
Essa é armadilha em que os israelenses entraram. Incapazes de causar danos ao Hizbollah pelo ar, eles só vão poder combater os guerrilheiros por terra, o que causaria baixas israelenses.
E o premiê Shimon Peres, cuja eleição no dia 29 de maio depende totalmente de como funcionar o ataque ao Líbano, não poderá aguentar baixas israelenses, só libanesas. Então, por que atacaram?
Oficialmente, eles dizem que foi porque mísseis feriram civis em Israel. Mas Israel não divulga que os Katiucha só foram atirados porque um civil libanês havia sido morto por Israel. Atacar civis não é permitido por uma convenção entre Israel e o Hizbollah feita em 1993.

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