São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996 |
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Premiê português promete priorizar Brasil
JAIR RATNER
Na sua primeira viagem oficial ao exterior após a posse, Guterres quer melhorar as relações econômicas com o Brasil. A comitiva tem 150 pessoas, incluindo representantes dos seis maiores grupos financeiros e dos maiores grupos empresariais portugueses. Acompanham Guterres seis ministros e um secretário de Estado. Completa a comitiva a representação da estatal portuguesa de eletricidade, que quer trocar participações no processo de privatização do setor no Brasil. Em Lisboa, ele falou à Folha. * Folha - Qual o objetivo da visita ao Brasil? Antonio Guterres - Marcar uma virada histórica na política externa portuguesa, afirmando o Brasil como a prioridade fundamental. O Brasil está em processo de abertura, e Portugal tem de ser capaz de estabelecer um conjunto de parcerias práticas e efetivas, quer com o Estado quer com a sociedade civil. Folha - Em que medidas concretas isso vai se manifestar? Guterres - Considero importante que os grupos empresariais portugueses possam se estabelecer, quer para Portugal ser uma plataforma para a economia brasileira entrar na Europa, quer pela própria presença portuguesa no Brasil e pela intervenção conjunta em mercados de terceiros, onde há vantagens para os dois países. No plano cultural, o intercâmbio pode ser mais amplo. Temos uma língua comum, cuja defesa no plano mundial tem de ser baseada numa estratégia conjunta. Folha - Parece haver um desequilíbrio nas relações entre os dois países, com maior empenho dos portugueses. Guterres - Estamos convencidos de que quando perceber a seriedade de nossas intenções e quando a nova política portuguesa for inteiramente crível no Brasil, ele corresponderá ao interesse. Folha - Sua viagem tem como objetivo mudar a imagem que os brasileiros têm de Portugal? Guterres - Penso que é muito importante que o Brasil tenha consciência de que em Portugal existe um empresariado de nível europeu com grande qualidade e grau de internacionalização e que pode ser um bom parceiro. Folha - Os investimentos brasileiros em Portugal estão regredindo. Portugal não conseguiu ser a porta de entrada para a Europa? Guterres - Isso tem a ver com o fato de a economia européia ter atravessado um período mais fraco. A globalização das relações econômicas abrirá oportunidades e permitirá novo fluxo de investimentos brasileiros, que eu gostaria que fosse acompanhado por investimentos portugueses no Brasil. Folha - O que será feito em relação ao problema dos dentistas? Guterres - Quando cheguei ao poder havia duas questões que assombravam as relações entre os dois países. A primeira tinha a ver com as consequências que os acordos de Schengen (que acabaram com o controle de fronteiras entre sete países europeus, inclusive Portugal) tiveram nas fronteiras portuguesas. Penso que o problema foi resolvido. Quanto aos dentistas, foi aprovado semana retrasada um documento com uma nova lista com 500 brasileiros a quem é reconhecido direito de exercício da profissão em Portugal. Folha - Com a lista os brasileiros vão poder se inscrever nas associações dentárias portuguesas? Guterres - Há um trabalho de persuasão dessas associações profissionais, que vai continuar. Texto Anterior: TV do Hizbollah mostra espião pró-Israel Próximo Texto: Astronauta sentiu falta de hambúrguer Índice |
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