São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996 |
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Novela estimula disputa política
ARMANDO ANTENORE
O vereador Cosme Damião Geraldino (PSD) afirma que o prefeito João Baptista Cintra (PL) está colocando serviços municipais à disposição da Globo. O parlamentar cita três exemplos: 1) A cidade, que possui 60 mil habitantes, dispõe de quatro ambulâncias públicas. Uma fica com a equipe da emissora durante as gravações. 2) A prefeitura tapou os buracos da estrada de terra que dá acesso à fazenda Cascata, um dos principais cenários da novela. O objetivo é facilitar a locomoção dos carros e caminhões que servem à Globo. 3) Para ajudar os seguranças da emissora, dois dos 50 integrantes da Guarda Municipal passam o dia em frente à porteira da fazenda. Tentam impedir a aproximação de fãs. O vereador -aliado dos Chedid, família muito influente em Campinas e Bragança Paulista- promete que, terça-feira, entrará com um requerimento na Câmara de Amparo. Vai solicitar explicações à prefeitura. "Trata-se, no mínimo, de um problema moral", diz. "A população não pode abdicar de serviços como os que o prefeito ofereceu à Globo." Outro lado Membro de família tradicional em Amparo, João Baptista Cintra admite que a emissora conta com o auxílio de uma ambulância e dois guardas. Também não nega a reforma da estrada que leva à fazenda Cascata. "Todos os anos, arrumamos aqueles três quilômetros de terra no mês de abril, logo depois das chuvas. Desta vez, não fizemos nada mais do que antecipar as obras de manutenção em 30 dias." O prefeito ressalta que os serviços prestados à Globo não representam gastos adicionais para os cofres do município. "Estamos dando apenas um apoio logístico à emissora." Cintra explica que, já há algum tempo, a prefeitura estimula a criação de condomínios fechados na cidade. "A novela pode, portanto, nos ajudar. Como vai divulgar as belezas da região, deverá atrair pessoas de fora para cá. Quem sabe, algumas acabem comprando terrenos em nossos condomínios." Parentesco O vereador Geraldino questiona, ainda, o fato de as gravações ocorrerem numa fazenda que tem, entre os nove donos, um parente do prefeito. Fundada em 1873, a Cascata sobrevive da pecuária e extração de eucaliptos. Um de seus proprietários é Marcelo Leite Vasco de Toledo, presidente do Sindicato Rural de Amparo. "Meu tataravô guarda, sim, parentesco direto com o bisavô de João Baptista Cintra. Mas é loucura pensar que, só por isso, uma empresa tão profissional quanto a Rede Globo escolheria a Cascata." Toledo lembra que a emissora visitou aproximadamente 30 fazendas da região antes de decidir onde rodaria a novela. Pelo aluguel da Cascata, os nove donos recebem um total de R$ 3.000 por mês. Nos 20 dias que antecederam o início das gravações, a Globo reformou o armazém de café, a rede elétrica e duas casas da fazenda. Texto Anterior: Elenco tenta trocar "italianado" pelo italiano Próximo Texto: Vera é estrela da primeira fase Índice |
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