São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Conar defende auto-regulamentação

DA REPORTAGEM LOCAL

A auto-regulamentação é a melhor forma de tentar preservar a ética na propaganda.
Essa foi a posição defendida por Ivan Pinto, presidente do Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária), na palestra "Ética na Propaganda: Existe Isso?", realizada quarta-feira passada no auditório da Folha.
A palestra integra o ciclo "Arena de Marketing", promovido pela Folha.
Segundo Ivan Pinto, a propaganda é "agressiva por natureza" pois visa vender algo ao consumidor.
"Como a propaganda geralmente tem alto custo, usa espaço e tempo restritos e tem de concorrer com outros anúncios e com o próprio editorial de um jornal, por exemplo, então ela grita. E do grito para o exagero, para a mentira, é um pulinho", afirma.
Além disso, diz Pinto, com espaço e tempo limitados, a propaganda precisa sempre simplificar.
"E da simplificação para a omissão, é outro pequeno pulinho."
O presidente do Conar diz que países como a Costa Rica, por exemplo, preferem que o Estado regulamente a propaganda local.
Normas
"Existem 264 normas de regulamentação diferentes. Isso acaba engessando a propaganda. É um inferno burocrático. É necessário preencher inúmeros formulários e pegar várias filas para ter sua propaganda aprovada", afirma.
A regulamentação estatal da propaganda, no entender do publicitário, acaba emperrando a própria economia. "A propaganda hoje ativa a economia em uma sociedade de massa, ao oferecer um produto para milhões de consumidores", diz.
Além disso, afirma, a ética varia de acordo com hábitos culturais de cada país e com o passar dos anos.
Por isso, ele afirma que normas rígidas não ajudam muito na regulamentação do setor.
Já a auto-regulamentação "é mais rápida, barata e não tem entraves burocráticos", afirma o presidente do Conar.
Crédito
Para Ivan Pinto, agências, veículos e anunciantes, ao se auto-regulamentarem, acabam decidindo pela ética pois não querem que a propaganda caia em descrédito.
"A auto-regulamentação da propaganda tem uma bela razão egoísta para funcionar", argumenta Ivan Pinto.
Na comparação com processos judiciais, a auto-regulamentação das propagandas é muito mais rápida, diz. Além disso, como as partes aderem voluntariamente "ao pacto da auto-regulamentação", a motivação é maior.
Esse tipo de controle da ética na propaganda, segundo ele, é exercido em 45 países, inclusive no Brasil. "Hoje, o próprio governo brasileiro recorre ao Conar para questionar a ética nas propagandas."

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