São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Loyola diz que sai após punir banqueiro

VALDO CRUZ; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente afirma que não pede demissão antes de ajudar a prender diretor do Econômico ou do Nacional

Gustavo Loyola disse ontem a amigos que não pedirá demissão da presidência do Banco Central antes de cumprir o que chama de sua missão: dar subsídios à Justiça para que seja preso algum diretor do Econômico ou Nacional e resolver os problemas dos bancos.
Loyola confidenciou que deixará o BC agora somente se o presidente Fernando Henrique Cardoso solicitar. Afinal, disse, o cargo é do presidente da República.
Ontem, no Palácio do Planalto, a informação era que FHC não pretende pedir o cargo a Loyola a curto prazo. A idéia é esperar uma solução para os bancos sob intervenção, a fim de evitar mais transtornos no mercado financeiro.
Na abertura da exposição "Expressões do Corpo", no saguão do Palácio do Planalto, FHC declarou que Loyola permanece no cargo.
"Claro que sim", disse o presidente, questionado sobre o futuro de Loyola no seu governo.
Desmoralização
O presidente do BC comentou que abandonar o posto no atual momento representaria uma derrota pessoal e poderia soar como uma desmoralização.
Esta é a segunda vez que Loyola passa pelo banco. Na primeira, no governo Itamar Franco, ele pediu demissão depois das críticas do então presidente aos juros altos.
A estratégia ontem era demonstrar que a rotina no BC continua a mesma. Pela manhã, Loyola deu entrevista sobre o lançamento de bônus em Portugal (leia abaixo).
À tarde, sua assessoria divulgou que ele irá a Washington (EUA), neste mês, para reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Faz parte ainda da estratégia de Loyola divulgar antes de sua viagem o acerto final da transferência do Econômico para o Excel.
O aumento dos salários do BC, porém, pivô da nova crise, fica na geladeira. Até a definição do novo salário mínimo, o governo não tocará mais no assunto.
No ano passado, Loyola já havia dito que não pretendia ficar muito tempo no BC. Foi logo depois da "crise da pasta cor-de-rosa" -documentos do Econômico sobre financiamento de campanhas.
Na ocasião, revelou que esperava só por uma solução para os casos Banespa, Econômico, Banerj e Credireal. Agora, quer garantir a prisão de algum diretor de banco.
Ontem, ele voltou a dizer a amigos que o BC não é delegacia para prender dono de banco. Mas disse estar convicto de que fiscais da instituição estão levantando dados suficientes para incriminar ex-diretores do Nacional e Econômico.
Segundo Loyola, aí caberá à Justiça tomar as medidas legais.

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