São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996 |
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Recuam previsões para inflação e PIB Desaquecimento permite queda maior dos juros CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Essas tendências são paralelas. A inflação pode ser menor, entre outros motivos, porque a atividade econômica é menor. Confirmadas essas tendências, o Banco Central pode acelerar a redução da taxa de juros. A área econômica tem dado indicações de que o nível dos juros internos está relacionado com a temperatura da economia. A redução das taxas só será interrompida se houver possibilidade de reaquecimento da economia, hipótese hoje mais do que remota. Os cenários desenhados em dezembro último incluíam inflação de 15% como patamar mínimo para 1996. Hoje, esses 15% constituem o teto das previsões. Desindexação Mas já há estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe, de São Paulo, que prevêem inflação entre 10% e 12%. As contas já estariam abaixo dos 10% se o governo federal não tivesse promovido o forte aumento da gasolina e do álcool. A tendência básica prevista é a seguinte: inflação mensal abaixo de 1%, podendo ser interrompida por episódios de alta, como o aumento da gasolina ou o possível aumento da tarifa de ônibus nas principais capitais, em meados do ano. Esses episódios, aliás, indicarão se a economia está realmente desindexada, isto é, livre da inércia pela qual qualquer reajuste de preço básico era automaticamente repassado para todos os demais setores. Se o aumento da gasolina causar impacto apenas na inflação de abril, será um sinal de desindexação. Entretanto, para Estêvão Kopschitz, da consultoria Macrométrica, é preciso ser prudente. Medíocre A Macrométrica havia reduzido sua previsão de inflação de 15% para 13%. Com o aumento da gasolina, corrigiu para 14%, em observação. Quanto ao crescimento econômico, no setor privado as previsões estão convergindo para a medíocre taxa de 2%. No início deste ano, ainda havia muita expectativa de um crescimento econômico entre 3% e 4%. E, entre empresários, muitos previam crescimento de 4% a 6% no produto nacional. Essas diferenças parecem pequenas, mas não são. O Produto Interno Bruto (PIB), soma das mercadorias e serviços produzidos no país durante todo um ano, passou dos R$ 600 bilhões em 1995. Assim, 2% disso equivalem a uma produção de R$ 12 bilhões. Para comparar: no ano passado, todas as vendas da Brahma chegaram a R$ 4,5 bilhões. Arrumado Para a Macrométrica, que estimava um crescimento de 3,8%, o melhor número já caiu para 3%. A área econômica do governo continua apostando nos 4%. Já o professor Affonso Celso Pastore acha que toda a política econômica está montada para um crescimento quase nulo. Considerando um crescimento de apenas 2%, Pastore calcula que o comércio externo brasileiro apresentaria neste ano um déficit de US$ 2,8 bilhões. Crescimento maior aumentaria o déficit, pois cairiam as exportações (fica mais vantajoso vender internamente) e subiriam as importações, resultado não desejado pelo governo. O governo espera fazer um superávit no comércio externo de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões. Esse é um objetivo mais importante do que o crescimento neste ano. Texto Anterior: A versão dos salários do BC Próximo Texto: Bolívar se valoriza com câmbio livre Índice |
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