São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
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Livro revela tesouros da Biblioteca Nacional

LUIZ CAVERSAN
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

A partir da próxima semana o maior acervo bibliográfico do país rompe os limites do belo conjunto arquitetônico da avenida Rio Branco, no centro do Rio, e ganha o mundo.
"Biblioteca Nacional - A História de Uma Coleção" (Editora Salamandra, 263 págs. R$ 90), livro que será lançado no próximo dia 22, cumprirá exemplarmente esta tarefa, ao revelar com riqueza de detalhes, em uma luxuosa edição, o mundo de cultura que contém a principal biblioteca do país.
O livro, com organização e texto do museólogo Paulo Herkenhoff e fotos de Pedro Oswaldo Cruz, proporciona uma viagem pelo acervo de oito milhões de exemplares da maior biblioteca da América Latina e oitava do mundo.
Família Real
Assim, descobre-se que a biblioteca começou a nascer com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1807, tomou forma definitiva com a transferência para cá da Real Biblioteca Portuguesa, teve vários endereços até ser definitivamente instalada no conjunto arquitetônico da av. Rio Branco, em 1910.
A consolidação do acervo começa com as iniciativas fundamentais de Dom João 6º, passa por inúmeras aquisições ao longo dos anos e principalmente pelas doações, anônimas ou de personagens famosos da história.
Ao longo de suas mais de 260 páginas, o livro permite que se tenha a dimensão exata do valor do conjunto de obras, revelando detalhes.
Na verdade, a própria história da humanidade e do saber vão desfilando ao longo da história do acervo da Biblioteca Nacional.
Estudos
A configuração da nacionalidade brasileira é notadamente detectada na coleção Brasiliana, que reúne tudo o que foi publicado sobre o país, dos mais raros aos mais recentes estudos.
Evolução que tem sua correspondente na coleção de autores brasileiros, esta também pontuada de raridades e exemplares históricos, tais como o primeiro exemplar de "Marília de Dirceu", de Tomás Antonio Gonzaga (1792), a primeira edição de "O Guarani", de José de Alencar (1857), ou a primeira edição de "Paulicéia Desvairada", de Mário de Andrade (1922).
Reconstituição histórica
A maior coleção da biblioteca é a de periódicos. São milhares de exemplares que permitem a reconstrução da história brasileira do último século e meio, assim como a reconstituição da própria trajetória da imprensa no país.
Lá está, por exemplo, a primeira página da primeira edição do primeiro jornal do Brasil, "A Gazeta do Rio de Janeiro" (1808), um dos primeiros exemplares do "Diário de Pernambuco" (1828), o jornal mais antigo em circulação na América Latina, ou ainda os belos e coloridos exemplares pioneiros da revista "O Cruzeiro".
Mas o acervo da biblioteca não se restringe aos livros, e a presente publicação revela bem isso, ao mostrar vasta variedade de manuscritos, gravuras, desenhos, fotografias, discos e partituras. Um conjunto de fazer inveja a qualquer museu do mundo.

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