São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
Texto Anterior | Índice

Manifestações de afeto; Divergência; Sem discussão; Indignação; Dieta da vaca sadia; Incômodo; Texto e contexto; Bairrismo de ministros

Manifestações de afeto
"Tendo em vista nota publicada na coluna 'Joyce Pascowitch' de 14/4, sob o título 'Toalha', gostaria de esclarecer que se trata de uma afirmação totalmente mentirosa.
Em primeiro lugar, nunca estive na cidade de Detroit nem em seu aeroporto, que jamais utilizei, nem sequer para conexão para outras cidades.
Em segundo lugar, não fui vaiado nem fui hostilizado nenhuma vez desde que deixei o governo de São Paulo.
Ao contrário, nos locais públicos que tenho frequentado, no Brasil ou no exterior, tenho recebido somente manifestações de respeito, afeto e solidariedade."
Luiz Antonio Fleury Filho, ex-governador do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Divergência
"Tenho particular admiração pelo brilhante advogado Saulo Ramos, além de profunda amizade que vem dos bancos acadêmicos.
Tais fatos aumentam meu desconforto em divergir de seu artigo de ontem, na Folha, sobre a liminar monocrática concedida no Supremo Tribunal Federal, sustando o andamento da reforma previdenciária.
Para mim, o ministro Marco Aurélio agiu, rigorosamente, no exercício de sua função de juiz ao entender que matéria rejeitada não poderia ser reapresentada na mesma sessão legislativa (art. 60, parágrafo 5º da Constituição Federal) e de que autor de projeto de emenda não poderia ser dele relator (art. 43 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados).
Da mesma forma, o 'periculum in mora' estava caracterizado -não para a sociedade, que não era parte nos autos-, mas para os deputados minoritários, que representando parcela da nação, viram seu direito ao 'devido processo legislativo' maculado.
Admitir a violação do 'due process of law' no Parlamento é aceitar a 'ditadura da maioria' e não a 'democracia conduzida pela maioria'.
Sinto-me à vontade para colocar-me ao lado do ministro Marco Aurélio, a quem também admiro, e dos deputados minoritários, cujas idéias políticas respeito, mas delas não comungo, pois creio terem defendido o Direito, que garante 'maiorias' e 'minorias', no regime democrático."
Ives Gandra da Silva Martins, advogado tributarista e professor emérito da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP)

Sem discussão
"A polêmica reportagem do livrete da Benetton pode merecer a leitura, dentro do seu contexto e por leitores que lhe dão atenção, ou possivelmente não. É, no mínimo, discutível.
Daí a servir de referência em espaço dos mais nobres do jornalismo brasileiro -a página 2 da Folha- vai uma diferença indiscutível. E põe indiscutível nisso!
Quanto à ridícula reportagem da Benetton, nem vale a discussão."
Aristides de La Plata Cury, diretor-executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau (São Paulo, SP)

Indignação
"Causa indignação a manchete de 16/4 ('Falha em vacina afeta mais de 3 mil'). Para que tanto sensacionalismo com o fato?
Todos os procedimentos legais foram obedecidos, apenas uma quantidade remetida não estava boa para o consumo. Todos foram medicados a contento.
Uma notícia com esse destaque, sem apuração das suas consequências, não é do feitio do jornalismo moderno e vibrante da Folha -essa reportagem é um desserviço à nossa região e ao país.
Mormente neste instante em que buscamos atrair novos investimentos para nossa região, num esforço para amenizarmos os infortúnios dos desempregados, isso está a cheirar 'cobra mandada' e revanchismo político."
Rubens Gilberto Alves Cruz (Campinas, SP)

Dieta da vaca sadia
"Interessante o artigo 'Vaca louca ou tecnologia maluca?', de Francisco Graziano, referente à questão que aflige a pecuária do Reino Unido.
Faltou observar que a tecnologia da pecuária de corte brasileira produz carne alimentando o gado basicamente com capim.
Essa característica, que o dr. Graziano apresenta como o futuro na Europa, deveria ser valorizada pela opinião pública e consumidor nacional.
Infelizmente, é na maioria das vezes criticada, chamando a pecuária extensiva de improdutiva."
Pedro de Camargo Neto, presidente da Fundepec -Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Incômodo
"Acho que a Folha está cumprindo seu papel na crise política FHC x CPI do sistema financeiro (aparentemente defunta), assim como já cumpriu no caso Collor x indignado povo brasileiro.
Na qualidade de leitor, agradeço. Na qualidade de jornalista, admiro e invejo. Na qualidade de brasileiro, peço que vocês continuem a incomodar.
E o bom jornalismo, como todos sabem, precisa incomodar para ser bom."
Carlos Gerbase (Porto Alegre, RS)

Texto e contexto
"Como é que Israel ataca o grupo Hizbollah e atinge os civis e fica com a cara limpa para o resto do mundo?
Bem, aí está uma diferença entre texto e contexto. Só quem é ignorante pode aceitar que tudo é admissível pelo contexto. É muito fácil enganar os desinformados!"
Pedro Jorge Alonso (São Paulo, SP)

Bairrismo de ministros
"Causou-me espanto que na edição de 7/4 a Folha diga em manchete que o ministro gaúcho Odacir Klein e o pernambucano Gustavo Krause beneficiaram com gordas verbas seus respectivos Estados, no Orçamento de 96.
Esqueceram, porém, de noticiar que o ministro paulista José Serra reduziu de R$ 110 milhões para R$ 30 milhões o investimento no porto de Sepetiba (RJ).
Agraciou, contudo, com R$ 180 milhões o porto de Santos (SP)."
Nilson Carioni (Florianópolis, SC)

Texto Anterior: Segurança e fantasia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.