São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Mercado se prepara para aluguel de ação

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho Monetário Nacional autorizou as Bolsas de Valores, na semana passada, a lançarem um novo serviço, o empréstimo de ações.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), onde ocorrem cerca de 90% dos negócios com ações no país, deverá submeter o novo contrato ao crivo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) entre amanhã e terça-feira.
A regulamentação final da novidade deverá levar, pelo menos, umas duas semanas, prevê o superintendente geral da Bovespa, Gilberto Mifano.
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro lançou o serviço na sexta-feira passada.
O empréstimo de ações deverá dar mais liquidez (aumentar o volume negociado) ao mercado, sustenta Mifano.
"Quem não quiser se desfazer de um lote de ações pode aumentar seus ganhos emprestando-as a um outro investidor ou especulador, em troca de uma taxa de juros", explica o executivo.
"Por outro lado, quem tomar emprestado pode correr o risco dos papéis sem precisar comprá-los no mercado à vista."
Vendidos
Na prática, o empréstimo de ações é mais usado pelos investidores que apostam na baixa dos papéis num curto espaço de tempo. São os chamados "vendidos".
Se a estratégia funcionar, a pessoa empresta um lote de ações, vende na mesma hora e recompra no dia da devolução a um preço menor, embolsando a diferença entre a valorização da ação e a taxa de juros paga pelo empréstimo. Esta deve ficar entre 4% e 6% ao ano, esperam os operadores do mercado.
"É assim que funciona lá fora", diz Mifano.
O contrato da Bovespa, no início, deverá permitir o empréstimo apenas das ações com maior liquidez, possivelmente as que compõem o índice Ibovespa.
Depois, serão criados mecanismos para os papéis com menor giro no mercado -as ações de segunda linha. Como nem todos os papéis são fáceis de achar à venda todos os dias, nesses casos os doadores deverão ter que aceitar um prazo maior para a devolução do que aquele estipulado no empréstimo inicial.
Na Bolsa do Rio, podem ser emprestadas desde sexta-feira 350 ações diferentes, segundo Nervando Diniz, gerente da CLC, empresa que faz a custódia e a liquidação dos títulos negociados na praça carioca. Em São Paulo, a Calispa faz a mesma coisa para a Bovespa.
Prazo livre "Não há valor mínimo para cada operação e o prazo é livre", afirma Diniz.
O risco da operação, para o doador, é zero. A CLC e a Calispa garantem a reposição da ação.

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