São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Duende verde deve assombrar clássico de hoje

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Corinthians e Santos se encontram hoje, sob o assombro desse duende verde, que percorre os campos enchendo as redes de gols e roubando até as últimas esperanças de quem cruze seu caminho.
No caso, não bastou ter afastado ambos da disputa do título deste ano. Sei bem que muita água ainda vai rolar até o final da competição, e, se, por um golpe do destino, o Palmeiras perder -digamos- Cafu, Luizão, Rivaldo e Djalminha, todos juntos, por algumas rodadas, sempre haverá chances para os demais concorrentes.
Só que, nesse caso, o São Paulo e a Lusa passarão a dividir as vagas expectativas de mosqueteiros e peixeiros.
Mas a coisa vai além: o Palmeiras-Parmalat já armou a isca para pescar Giovanni, uma estocada mortífera que ferirá fundo o moral de dois velhos inimigos -o próprio Santos, que, ao menos terá os R$ 9 milhões como lenitivo, e o São Paulo, que, mais uma vez, ficará chupando o dedo.
A propósito, o Palmeiras, que amargou no início da década o furacão tricolor, virou definitivamente o jogo.
Como naquele comercial, o Palmeiras é o São Paulo ontem: além de Cafu, Antonio Carlos (que já se mandou), Elivélton, Muller e Flávio Conceição, que de quinto reserva no Morumbi virou titular da seleção, segue-se a lista: Rivaldo, que era um sonho tricolor, e Luizão, que esteve várias vezes na mira são-paulina.
Quanto ao Corinthians, o drible humilhante já foi dado, nessa mal contada história da vinda do centroavante Reinaldo, que mandou o telegrama para o Tatuapé e desembarcou na Água Branca.
É uma goleada atrás da outra, no campo e nos bastidores. Até quando?
*
E vem mais: esses dois meninos do Rio Branco estão na medida exata dos planos alviverdes. Marcos Assunção é Flávio Conceição se olhando no espelho, e Alexandre, de apenas 16 anos, canhoto, habilidoso, joga um pouco mais à frente e possui um petardo de esquerda de fazer inveja a qualquer marmanjo.
*
Ah, sim, e o clássico desta tarde? Bem, o Santos, que parecia ter-se reencontrado com o reagrupamento dos titulares vice-campeões, patinou diante da Lusa, enquanto o Corinthians passava o maior sufoco diante do frágil XV de Jaú.
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Ajax e Juventus, na final da Copa dos Campeões. Ao menos, teremos em campo a tradição de históricos campeões europeus. Mas, como dizia o técnico Minelli, futebol é momento. E o momento não é muito propício nem para um, nem para outro.
O Ajax não é mais sombra do time avassalador e hipnótico da temporada passada.
Ressente-se demais da ausência de Overmars (e, agora, também de Kluivert), um ponta-esquerda de múltiplas funções. É uma equipe cuja alma parece arder na fogueira das vaidades.
Já a Juve limita-se a um futebol combativo que conflui sempre para o oportunismo de Vialli. É pouco para a grandeza de ambos.

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