São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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As listas e o louco

SÍLVIO LANCELLOTTI

Circula através da Internet, endereço pinky@micronet.it, uma lista-demo de jogadores da Europa que terão o passe livre, graças à Sentença Bosman, depois do dia 30 de junho.
Paralelamente, circula entre os empresários da Europa uma lista de craques da América Latina com talento para se integrarem ao Velho Mundo do futebol. Além dos dados biométricos de cada jogador, a relação contém curiosas observações a respeito de caráter, estilo de vida, possibilidade de adaptação.
Tive um rápido acesso, visual, ao trabalho. Recebi a promessa de exclusividade, cá no Brasil, apenas para julho. Certos donos de certos craques não querem prejudicar seus negócios.
Por enquanto, garanto que Zé Elias ostenta uma cotação excelente. Rivaldo é considerado genial no gramado. Desconfia-se, porém, da sua adaptação.
A pesquisa, obviamente empírica e impressionista, se baseia numa análise das negociações que envolveram, nos últimos 15 anos, 277 atletas de 48 países e os clubes da Bota.
Dentre os 277, exatos 45, ou 16%, saíram do Brasil -bem à frente da Argentina, com 30, e da Alemanha, com 20. Na quantidade, o Brasil lidera.
Na qualidade, porém, a pesquisa duvida do Brasil. Observa que somente um seu expatriado, Paulo Roberto Falcão, realizou as fantasias de seus empregadores -seguido bem de perto por Careca, Toninho Cerezo, Dirceu Guimarães, Dunga, Júnior e Zico. Ou, 7 dos 45.
No porão da tabela, infelizmente, há 21 "brasiliani", alguns deles astros como Branco, Mazinho, Muller, Renato Gaúcho e Sócrates -as desilusões.
O cruzamento das listas compara Zé Elias a Dunga, Rivaldo a Sócrates. Arremata o cidadão, um empresário, que me exibiu os documentos: "Com mais de mil europeus de contratos livres em julho, somente um louco, ou um lavador de dinheiro, consumirá mais de US$ 3 milhões com um jogador do Brasil".

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