São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Ex-bailarina troca palco pela água

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há seis anos, a paulista Mônica Anversa, 24, trocou as aulas de balé pela raia olímpica da Universidade de São Paulo (zona oeste de São Paulo).
Ex-bailarina do Stagium, uma das mais importantes companhias de dança do país, Anversa afirma que não sabe porque adotou o remo como modalidade esportiva.
"Entrei na Faculdade de Farmácia da USP e precisava escolher um esporte para fazer educação física. Agora, se me perguntam porque escolhi o remo, não sei responder. Talvez porque ele tenha a beleza plástica do balé", arrisca.
Deixar a dança acabou sendo um "processo natural" para Anversa.
Convidada para se apresentar com um balé folclórico no Japão, o pai não permitiu que ela fizesse a viagem.
"Na época, estavam acontecendo muitas histórias de prostituição envolvendo brasileiras que foram trabalhar no Japão. Com medo, meu pai proibiu a viagem", conta.
Diante do veto paterno, a hoje candidata a uma vaga na equipe brasileira que vai disputar os Jogos Olímpicos de Atlanta, em julho, assegura que não ficou triste em deixar o balé.
"É lógico que tenho saudades da dança. O meu corpo mudou porque o remo exige muito físico. Mas, ao mesmo tempo, continuo trabalhando meu corpo e espírito", afirma a atleta.
A alteração física de Anversa se traduz, segundo ela, em alguns quilos a mais. "Passei dos 57 kg para os atuais 63 kg. Ainda estou me transformando", conta ela.
Para manter a forma física, Mônica treina cinco horas diárias na raia da USP.
A alimentação é balanceada com proteínas e carboidratos.
"O remo te exige muita força", sustenta a remadora, que compete na classe skiff simples (individual).
Anversa conta que não segue uma dieta rígida. O prato comporta macarrão, arroz, feijão, batata, carne e legumes. "É uma alimentação bruta mesmo, sem frescura", diz ela.
O próximo passo na carreira da hoje farmacêutica é vencer o Pré-Olímpico em sua modalidade, em junho próximo, no Rio de Janeiro.
Para ela, o remo no país "tem futuro", mas por ora faltam patrocinadores.
"O remo é um desafio para mim. Mas não sei se vou continuar nesse esporte por muito tempo, ao contrário do balé, que faria a vida inteira", suspira Anversa.
(SK)

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