São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Conchita prefere sacrifício a estudar

Espanhola abdica juventude para ser nº 2 do mundo

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A espanhola Conchita Martínez, 23, joga o torneio-exibição Rio de Janeiro Tennis Classic com a cabeça na decisão sobre sua a participação na Federation Cup, competição do tênis feminino entre nações.
Entre os treinos no Maracanãzinho, a número três do mundo fez várias ligações para Arantxa Sánchez, sua compatriota e número dois do ranking.
As duas estão tentando acertar quanto a federação espanhola da modalidade vai pagar pelas suas presenças em quadra.
A menina que trocou à escola pelas quadras pensa nos lucros que pode ter depois que sacrificou sua adolescência pelo profissionalismo. Tanto é assim que nem a disputa olímpica a atrai.
"Para mim, não é algo superespecial. Meu planejamento é para os torneios que contam", diz.
Nascida em 16 de abril de 72, na cidade de Monzón, no norte da Espanha, Conchita se profissionalizou em fevereiro de 88.
Desde esse mês, ganhou 29 torneios, entre eles a tradicional competição londrina de Wimbledon, em 94.
Somente no ano passado, Conchita venceu cinco torneios, mesmo queixando-se de constantes dores no pescoço.
*
Folha - Qual é a diferença entre disputar uma competição do circuito e um torneio-exibição?
Conchita Martínez - A única diferença é que, se perco no Rio, não acontece nada, não há pressão. Mas todas querem ganhar aqui.
Folha - Você tem ficado no segundo e terceiro postos do ranking nos últimos tempos. A primeira colocação ainda está por vir?
Martínez - Tenho muitas possibilidades de atingir o primeiro lugar. Depende só do meu jogo, mas não se deve ficar olhando muito o ranking. Faz mal.
Folha - Você acredita que o tênis espanhol continuará sua boa fase?
Martínez - O furor continua. Eu e Arantxa estamos sempre entre as melhores. Há muitos tenistas espanhóis entre os primeiros cem do mundo. Não mais o que se pode exigir da Espanha.
Folha - A tenista profissional sacrifica sua adolescência para desenvolver sua carreira? Isso vale a pena?
Martínez - Estou muito feliz de ter escolhido este caminho. Levo agora uma vida muito boa, viajando muito. É dura, mas prefiro isso a ficar estudando.
Eu tenho uma satisfação pessoal quando ganho um torneio ou quando sei que sou a segunda melhor do mundo. Antes veio muito sacrifício, mas depois vêm as satisfações.
Folha - Você tem algum problema físico?
Martínez - O único problema sério é uma dor no pescoço, que vai e vem sempre. Agora mesmo sinto essa dor. Ela limita muito meu saque.
Folha - Com o brasileiro Carlos Alberto Kirmayr como seu técnico, o que mudou na sua forma de jogar?
Martínez - Treinamos nada muito específico. Ele está tentando tornar-me mais agressiva, subindo mais à rede.
Folha - O que você pensa de sua participação na Olimpíada de Atlanta?
Martínez - Vou jogar. Para mim, não é algo superespecial. Meu planejamento é para os torneios que contam.
Folha - Sua participação e de Arantxa Sánchez na Federation Cup ainda não está acertada.
Martínez - É. Estamos tratando disso.
Folha - Falta acertar com a federação espanhola?
Martínez - Prefiro não falar sobre isso.

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