São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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A vitória da diversidade inteligente

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

Em "A Vida Após a Televisão", George Gilder usa seu estilo apoteótico para descrever um futuro em que o "telecomputador" toma da casa, do lazer e do cérebro do consumidor e ainda tenta nos convencer que isso é um grande negócio.
Escrito em 1990, realmente antecipa antecipa algumas transformações que só começaram a se delinear mais claramente no ano passado.
Gilder já vislumbra neste livro o potencial de crescimento da Internet. Usa um bocado de jargão tecnológico -ao contrário de muitos "profetas" digitais, leva a sério os pormenores técnicos dos assuntos de que trata.
A tese que perpassa todo o livro é simpática, embora não-verificada: ele acredita que a TV está condenada por reduzir sua audiência a um mínimo denominador comum e apostar na burrice e falta de capacidade de escolha do espectador.
"A TV desafia o fato mais óbvio sobre seus clientes -sua prodigiosa e florescente diversidade. As pessoas têm pouco em comum, exceto seus interesses lascivos e ansiedades mórbidas", diz ele.
Pronto. Segundo Gilder, é assim que a mídia embrutece, apelando para o pior em todos nós. Ele jamais imagina, por exemplo, que os usuários das redes de computador terão tais interesses grosseiros.
Mais adiante, completa: "As redes de computadores respondem a todas as características humanas que as redes de TV desafiam."
Ou seja, trata-se de um profeta que confia na capacidade humana de escolher e defende a individualidade da "vítima" dos 500 canais de TV e dos milhões de computadores que nos esperam na próxima esquina.
Parte do livro é dedicada a exaltar a superioridade do jornal sobre a TV. Até que finalmente se chega ao último capítulo, uma ciranda endoidecida de números que anuncia a era do computador.
Gilder tem uma séria tendência à hipérbole (foi autor de discursos de Reagan e Bush). Fala em "teias de vidro e luz" e por aí afora.. Isso não chega a prejudicar seu brilho e clareza como cronista da indústria de informática e telecomunicação.
Mesmo com todo o jargão técnico, "A Vida Após a Televisão" é simples de ler e muito interessante. E, como se restringe à tecnologia, poupa o leitor das embaraçosas teses sociais de Gilder.
(MEr)

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