São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Coluna Joyce Pascowitch

JOYCE PASCOWITCH

Cambalhota
Elétrico, heterogêneo, brincante -como um frevo dos bons. É assim o pernambucano Antonio Nóbrega (foto) -mix bem-balanceado de músico, ator e bailarino. Tocador de violino, viola, bandolim e tudo que é sopro, ele adotou São Paulo no final dos 80's -e mais precisamente o Teatro Escola Brincante-, para extravasar suas acrobacias musicais. Ex-integrante do memorável Quinteto Armorial, de Pernambuco, o rapaz agita todo e qualquer regionalismo, trazendo sempre artistas de vários lugares do país -como o fera Nascimento do Passo, que baixou na cidade para ensinar paulistano a frevar. E não é que conseguiu!
*
Quem fica de fora do seu maracatu?
Quem é ruim da cabeça ou doente do pé.
Pega no ganzê ou pega no ganzá?
Gira o mundo, treme a terra e eu "Na Pancada do Ganzá".
Quem deve dançar a dança das cadeiras?
A turma do "é dando que se recebe".
Frevo, axé ou bumba-meu-boi?
Cada macaco no seu galho.
Seu sarapatel tem....
Só entendo mesmo é de mingau.
E se o passo é maior que a perna?
Se é frevo a perna chega lá.
Quando o brasileiro dança?
Quando ele deixa de dançar.
Chão de estrelas brilha?
É no chão que estão nossas estrelas.
Compasso de espera cansa?
Só para quem não escuta o silêncio.
Quem baila na curva?
Aquele que não tem jogo de cintura.
Alma tem folclore?
Só se for alma penada.
Quando o caldo entorna....
Pego minha rabeca e toco uma cantiga.
Com quem você armaria um baticum?
Com os brincantes do Brasil.
Luiz Gonzaga ou Olodum?
Luiz Gonzaga.
Trio elétrico dá choque?
Em Salvador, não!

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