São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Outra fase

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O governador do Ceará e ilustre "tucano", Tasso Jereissati, acha que o governo Fernando Henrique Cardoso está atrelado demais à questão das reformas. Não que Tasso considere as reformas pouco relevantes. Ao contrário.
O problema é que o governador cearense suspeita que o caráter monotemático que caracteriza o governo pode estar passando do tempo. "Agora, é aprovar o que der e passar para outra fase", diz Tasso.
Não sei se se trata de uma posição isolada ou de um reflexo do que se cozinha na intimidade do governo Fernando Henrique.
Em todo o caso, o fato é que, na mais recente reunião entre os caciques do partido, o que se discutiu foi a necessidade de continuar com as reformas, votando-as até junho.
Se é assim, dá para se imaginar que a "outra fase" mencionada pelo governador do Ceará começará no segundo semestre.
Um calendário que tem amparo também na lógica político-eleitoral: o segundo semestre marca o início, de fato, da campanha para as eleições municipais e é pouco provável que o Congresso, povoado de candidatos e de padrinhos de candidatos, vote qualquer coisa relevante nesse período.
Em todo o caso, a força das circunstâncias pode determinar uma antecipação da "outra fase". O massacre de Eldorado de Carajás bateu duro no governo, do que dá provas o fato de Fernando Henrique ter convocado para amanhã uma reunião dos poderes da República destinada a discutir a questão agrária.
O presidente está diante de uma escolha clara: ou usa a reunião para mais um discurso recheado de boas intenções, que não têm consequências práticas, ou dá um salto de qualidade na sua gestão.
Para citar o próprio FHC, agora é ação ou mais nhenhenhém.

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