São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996 |
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Erros marcam gravação na Argentina
DANIEL BRAMATTI
A reportagem da Folha esteve na Ronda Studios, em Buenos Aires, e testemunhou, em três horas, dois erros de continuidade. Um erro acontece, por exemplo, quando um artista aparece vestido de modo diferente em cenas subsequentes, sem que a troca de roupa esteja no roteiro. Os erros foram detectados pelos próprios artistas brasileiros -cuja paciência e profissionalismo se destacam diante dos improvisos da equipe argentina. A iluminação deixa enormes sombras atrás dos personagens, denunciando a existência de holofotes. Os cenários, de madeira, não convencem. Figurantes argentinos não podem falar em cena para que os microfones não captem diálogos em espanhol. A seguir, os trechos mais conturbados da gravação do capítulo 20, realizada na segunda-feira: Cena 1 Matilde (Daniela Camargo), vestindo um roupão, discute com seus cunhados Tony (Fábio Jr.) e Amélia (Elaine Cristina). Matilde havia chegado da delegacia, onde declarou ter sido vítima de uma tentativa de sequestro. Tony diz que Matilde mentiu. Irritada, ela ameaça ir para o quarto, mas Amélia a impede: "O quarto não é mais seu." "Ah, então quer dizer que não tem mais lugar para mim?", pergunta Matilde. Terminada a gravação, os atores vão para outro cenário. De repente, Elaine Cristina percebe o erro e tenta explicá-lo ao diretor. "Como a Matilde já estava de roupão se ainda não tinha ido para o quarto?" O diretor diz que não há problema. "Ela foi raptada de roupão, pronto!", brinca Fábio Jr. Cena 2 Tony janta com Amélia e Júnior (Vinícius Ventura). Toca o telefone celular de Tony. Os irmãos ficam surpresos. Tony saca o aparelho de um estojo de couro na cintura. "Ah. Você comprou um celular", diz Junior. Fábio Jr. interrompe o ensaio e alerta o diretor sobre o novo erro. "Como é que esse celular só apareceu agora? Por que só agora notaram o telefone?", pergunta. Nas cenas anteriores, vários "takes" mostravam o ator de corpo inteiro. Refazer as cenas significaria perder duas horas. Por fim, o diretor decreta: "O celular estava oculto. Quando você atender, faça como se o estivesse tirando aí de trás". "Como? Então eu uso o celular nas costas?", pergunta Fábio Jr., com um sorriso irônico. Com a resignação que Sônia Braga não teve, ele obedece a orientação. Texto Anterior: Globo já investiu em filmes e seriados Próximo Texto: Autor exagera no tom melodramático Índice |
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