São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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Troca de apresentadores evidencia projetos de Evandro de Andrade

VANESSA CAMPOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nove meses após sua posse como diretor da Central Globo de Jornalismo (CGJ), Evandro Carlos de Andrade, 64, apresentou as modificações que desde sua entrada na emissora vinham sendo aguardadas.
O resultado mais flagrante dessa gestação foi a definição dos apresentadores de cada telejornal, com uma "dança de cadeiras". Além disso, novos cenários foram criados, e Cid Moreira, o mais conhecido locutor da televisão, deixou de apresentar o "Jornal Nacional".
Para Andrade, no entanto, os novos apresentadores e cenários serviram para deixar claras para o telespectador as mudanças que vinha imprimindo. "Fisicamente tornaram-se mais evidentes as modificações que, em substância, já tinham sido tomadas na qualidade da nossa cobertura. O jornalismo praticado não muda com os novos apresentadores".
Apresentadores-jornalistas, que também acumulam função de editores, não refletem, na opinião de Andrade, a reprodução de uma tendência mundial da valorização de âncoras, mas sim de uma renovação necessária e oportuna. Ele diz que as pesquisas demonstram que os espectadores estão aprovando as modificações nos telejornais.
Sobre a substituição de Cid Moreira como apresentador do "Jornal Nacional", Andrade explica que se tratou de idéia cogitada desde dezembro de 95.
Desde aquela época, ficou decidido que o locutor seria responsável pela leitura dos editoriais. "Houve reclamações. É natural. Mas sua participação como locutor dos editoriais está sendo bem aceita. Ele é uma grande figura."
Bom Dia Brasil
As mudanças foram mais fortes no "Bom Dia Brasil". O telejornal conseguiu oito pontos no Ibope no Rio.
"Nós tentamos conquistar as mulheres, mas uma parte do 'Bom Dia Brasil' tem um foco, vamos dizer, no interesse feminino. Simplesmente resolvemos melhorar o telejornal, torná-lo um programa mais interessante, abrangente, dinâmico e variado. Diria que a audiência foi multiplicada, em média, por quatro".
Outra mudança foi o fortalecimento dos jornais locais, como "Bom Dia São Paulo" e "SP Já". Andrade diz ter como propósito de sua linha de trabalho o jornalismo comunitário.
Neste sentido, foi introduzida, no Rio e em São Paulo, a cobertura por helicóptero. Por enquanto, o Globocop só opera nas duas cidades. Em breve, será implantado em Belo Horizonte.
Fantástico
Para Andrade, a criticada volta de atrizes na apresentação do "Fantástico", que dividem o espaço com o jornalista Pedro Bial, é a própria expressão do programa, que sempre teve o lema de ser o "show da vida".
"O 'Fantástico' sempre foi um show. Um programa de jornalismo e entretenimento. Originalmente, era um programa de entretenimento com jornalismo. Hoje, inverteu-se um pouco. É como se fosse uma revista".
Esportes
Galvão Bueno deve continuar como narrador de eventos, além de ser apresentador de notícias esportivas no "Jornal Nacional". Andrade diz que Galvão vem fazendo comentários porque a emissora está sem comentarista especializado. "Mas teremos um. Aí Galvão volta a ser só narrador e apresentador do JN."
Cabo
Andrade nega os boatos de que vá ampliar o quadro de funcionários da CGJ. O novo canal de TV a cabo da emissora, que deve ir ao ar a partir de julho, vai aproveitar a equipe da CGJ. O novo canal não deve ser concorrente da Globo. A meta inicial é conquistar 1% da audiência.
Falando na concorrência, Evandro Andrade considera que o jornalismo das outras emissoras tem propostas muito diferentes das da Globo. "Tenho pouco tempo de ver os concorrentes. Devia ver mais. Assisto às vezes a Carla (Vilhena) na Bandeirantes e o Bóris (Casoy) no SBT".

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