São Paulo, domingo, 21 de abril de 1996
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"Sunset Plaza é um ponto de encontro de Hollywood"

CRISTIANA OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na Sunset Plaza, por volta das 14h, circulam os homens e mulheres mais bonitos na faixa entre 21 a 35 anos. São americanos, franceses, italianos, holandeses, alemães, gente de toda parte. A imensa maioria tem o mesmo objetivo: entrar para o cinema americano ou para o mercado fonográfico.
São aspirantes a atores, modelos, cantores e músicos que trabalham como garçons, vendedores de loja, motoristas de limusine, entregadores de pizza, baby-sitters. Grande parte -98% eu diria- está inscrita em algumas das 500 agências espalhadas por Los Angeles, com seus "pagers" pendurados na cintura ou celulares.
Estão sempre esperando uma ligação de seus agentes, chamando para uma "audition" -teste para filmes, comerciais ou seriados do tipo "Melrose", "Chicago Hope" e "Barrados no Baile". Esses programas, que nós chamamos de enlatados, rendem a alguns atores US$ 100 mil ou US$ 200 mil por semana.
A Sunset Plaza tem cafeterias, cabeleireiros, restaurantes, lojas e uma legião de pessoas anônimas tentando escutar a conversa da mesa ao lado, onde geralmente se encontram produtores, diretores de casting ou pessoas importantes no movie business.
Fui ali umas três vezes e me senti completamente desconfortável. Você fica sem graça, sem saber onde coloca as mãos. Acabei me acostumando depois de um tempo. Esse tipo de lugar começou a virar rotina na minha vida -sempre em companhia de minhas agentes, Tracy e Lourdes.
Os agentes são pessoas que falam por você. Contam sua história a quem possa interessar. Eles marcam o encontro e você vai lá para comprovar a qualidade de seu trabalho. A primeira coisa que os diretores de casting analisam é o seu inglês. Depois, querem ver o seu trabalho em vídeo e seu currículo.
Eles podem achar você baixa demais, alta demais, jovem demais, velha demais, qualquer coisa demais ou de menos, mas é uma oportunidade para marcar presença. Os diretores de casting não são o que são à toa. São verdadeiros arquivos humanos de imagens vivas. Em uma próxima produção, se tiver alguma personagem que se pareça com você, seguramente lhe darão uma chance.
Algumas reuniões, com produtores ou diretores de casting, acontecem em restaurantes onde o terno, a gravata e o tailleur representavam o jeito "casual" de se vestir. Em uma dessas reuniões, no bar do hotel Four Seasons, minha agente me apresentou a várias pessoas. Paramos alguns minutos para conversar com um executivo da Miramax e fui apresentada a Robert Downey Jr., "o Chaplin", um dos meus atores jovens favoritos. Simples, tranquilão, na dele. Estava lá para conversar sobre seu próximo filme.
Nesse processo de investimento, você tem que passar, no mínimo, um ano em Los Angeles. E, assim mesmo, com vários contatos já feitos. Bons contatos. Eu passei por Disney, Fox, Paramount, New Line Cinema, Universal, Warner Brothers, Sony Pictures e Cineville. Acho que já plantei minhas sementinhas...

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