São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Governadores vetam reajuste a servidor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os 25 governadores reunidos ontem em Brasília tiraram uma posição comum sobre os salários dos seus servidores: não haverá qualquer reajuste enquanto a folha de pagamento comprometer mais de 60% da arrecadação.
A decisão dá força política para cada um dos governadores sustentar a proposta de enxugamento da máquina administrativa e protelar os aumentos salariais reivindicados pelos servidores estaduais.
Atualmente, a maioria dos Estados gasta mais do que o limite imposto legalmente para despesas com pessoal. O Espírito Santo, por exemplo, consome 91% das receitas com pagamento de servidores.
Os governadores reuniram-se ontem, no início da tarde, na Granja de Águas Claras, residência oficial do governo do DF (Distrito Federal). As discussões ficaram concentradas no endividamento dos Estados -a fonte do problema- e na necessidade da reforma administrativa, a suposta solução.
A maior queixa foi em relação ao tratamento que os governadores dizem receber do governo federal. "Os ruralistas e os bancos tiveram prioridade. Queremos o mesmo direito", disse o governador do Espírito Santo, Vítor Buaiz (PT).
Governadores do PT propuseram a criação de um fórum informal para articular a discussão das dívidas e a necessidade de aprovação urgente da reforma administrativa. O fórum deve se reunir pela primeira vez em 20 dias.
Na avaliação dos governadores, é preciso buscar imediatamente uma alternativa ao parcelamento da dívida com o governo federal.
A maioria não acredita que a solução seja simplesmente, como propôs o governo federal, estender aos demais Estados as condições do protocolo assinado com o Estado de São Paulo para acabar com a intervenção no Banespa.
"Cada Estado tem seu problema. A disposição do governo é positiva, mas a negociação deve ser feita caso a caso", afirmou o governador do Paraná, Jaime Lerner.
Com os cofres vazios, os governadores afirmaram não dispor de recursos para pagar os precatórios -débitos em cobrança na Justiça.
"O Judiciário não se dá conta de que o país está em crise. Não é possível pagar precatórios de 20 anos em um", afirmou o governador Antônio Britto (RS).
Os governadores pediram ainda que o Banco Central não interfira nas negociações dos Estados para contratar empréstimos externos Esses empréstimos são mais baratos que os tomados junto a bancos oficiais, como o Banco do Brasil.

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