São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Aeroportos são inseguros, diz sindicato

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A segurança dos aeroportos de pequeno porte no Brasil é falha, segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas.
O presidente do sindicato, Luiz Fernando Collares, disse que grande parte dos aeroportos do interior não possui detectores de metais (que identificam armas) e que a fiscalização dos funcionários das empresas que prestam serviço na área de segurança desses aeroportos é inadequada.
"O detector de metal é um equipamento importante que não está presente em grande parte dos aeroportos (o sindicato não tem o número preciso), mas o mais grave para a falta de segurança é o processo de terceirização que as administradoras de aeroportos estão praticando", disse Collares.
Elle está em Brasília, participando de um seminário sobre segurança de aeroportos.
Segundo ele, administradoras de aeroportos, como a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), estão terceirizando os serviços de carregamento e limpeza de aviões na maioria dos aeroportos de pequeno porte, sem "fazer uma triagem adequada de seus funcionários".
"Nesses casos, os possíveis assaltantes ou sequestradores não precisam nem passar com suas armas pelo detector de metais."
"Pode ocorrer de eles terem contato com um funcionário do serviço de apoio na área de segurança da pista, e essa pessoa, portando um crachá, entrar com a arma e a deixar dentro do avião", afirmou.
Segundo ele, "o problema dessas pequenas empresas é que elas têm alta rotatividade de funcionários, causando vulnerabilidade nos serviços dos aeroportos".
Collares sugere que o DAC (Departamento de Aviação Civil), órgão do Ministério da Aeronáutica responsável pela homologação dos serviços de apoio nos aeroportos, fiscalize com maior vigor, aumentando os requisitos para homologação dos serviços terceirizados.
Para o diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas Sidney Guimarães Júnior as administradoras de aeroportos do interior tenderiam a "relaxar" a segurança porque a maioria dos aviões que utilizam esses aeroportos são particulares e de pessoas conhecidas da região.
"Há casos extremos de falta de segurança, aeroportos que são resguardados só por uma cerca. O próprio Campo de Marte (na zona norte de São Paulo) está protegido por um muro baixo e o acesso a ele é fácil", afirmou Guimarães Jr.
A Folha não conseguiu falar ontem com o coronel Joaquim Boanerges Guimarães, superintendente da Infraero do Aeroporto de Guarulhos. Também não foi possível contato com a Infraero do Aeroporto de Congonhas.

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