São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 1996
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Skysurf em essepê

CARLOS SARLI

Ao descer a Pacaembu em direção ao Campo de Marte, comecei a entender a importância -que dizia Luis "Formiga" de Moraes- do Notamn, que controla o tráfego aéreo, indispensável para viabilizar seu projeto de skysurf sobre São Paulo.
Nos minutos que dirigi de casa até o aeroporto, vi três aviões e dois helicópteros na área.
O céu de brigadeiro do domingo ajudava para o sucesso do plano. O "go for it" do autor e dois cinegrafiatas que iriam saltar com ele, Sabiá e Maha, estava estampado.
Enquanto o King Air vinha de Resende, a equipe foi se preparando. Macacão, altímetro, sinal luminoso nos óculos regulado para 5.000 pés, Cypres (disparador automático do reserva), câmera fotográfica e hi-8.
Por volta das 10h, o avião taxiava. Os dois cinegrafistas da Globo foram para a área de pouso, próxima ao viaduto Pompéia. Um terceiro, o cineasta Silvestre Campe, que dirigiu as imagens, foi no avião.
Alguns minutos mais tarde, já estávamos sobrevoando essepê.
À medida que o avião foi subindo, o oxigênio foi ficando escasso, e os dois cilindros com máscaras de ar foram disputados pelas oito pessoas a bordo.
Por razões óbvias, os pilotos e os pára-quedistas tiveram prioridade. A falta de oxigenação transformou a realidade num filme na minha cabeça.
A 7.500 m, o Copan e o parque Ibirapuera pareciam vizinhos; a janela do avião tinha vista para o mar, e a temperatura era de menos 22 graus. O piloto anunciou que o PS, ponto de salto, estava se aproximando.
Os três se dirigiram para a porta e em não mais de 5 segundos já estavam em queda livre.
No ar rarefeito, a queda de um minuto e 40 segundos fez com que Formiga surfasse a cerca de 300 km/h.
Pela primeira vez no mundo, um salto assim foi feito. Inédito pela altura, pelo uso da prancha, pela metrópole. As imagens estarão na próxima "Trip".

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