São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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Apuração chega a fazendeiros
LUCAS FIGUEIREDO
A suspeita é de que eles possam ter dado apoio logístico à Polícia Militar na operação que matou 19 sem-terra, no dia 17 passado. "Algumas testemunhas do confronto levantaram essa questão e nós vamos chegar", disse o promotor de Curionópolis, Marco Aurélio Nascimento. Segundo ele, essa hipótese merece ser investigada devido ao histórico da região. O Ministério Público quer saber se fazendeiros da área -que tradicionalmente costumam dar apoio à PM- colaboraram para viabilizar a operação dos policiais. Por enquanto, nenhum fazendeiro será chamado a depor. Isso só deverá ocorrer caso os promotores apurem indícios concretos de apoio de algum empresário rural da região na operação. O Ministério Público irá levantar quem pagou o aluguem dos ônibus da viação Transbrasiliana, que levaram os PMs ao local do conflito. Investigadores que cuidam do caso comentam reservadamente que é comum fazendeiros doarem gasolina, meios de transporte e alimentos aos destacamentos da PM. Uma das suspeitas recai sobre a camionete cor de vinho usada pela PM para levar corpos de vítimas do confronto ao hospital de Curionópolis. O veículo não tem placas nem identificação da PM. Em depoimento à Polícia Civil e promotores, testemunhas disseram ter visto, após o conflito, policiais militares levando corpos de crianças na camionete. A falta de recursos faz com que o trabalho da PM depende da colaboração dos fazendeiros. Com isso, as ações oficiais de policiais muitas vezes só são possíveis com apoio de empresários rurais. Nas horas de folga, os PMs são chamados para fazer segurança privada e resolver conflitos com posseiros. Pelo menos três policiais militares já foram processados por homicídio a mando de fazendeiros locais. Um soldado da PM da região recebe cerca de R$ 300 por mês. Texto Anterior: Exame é interrompido Próximo Texto: Coronel é acusado de extorsão Índice |
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