São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Coronel é acusado de extorsão

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ

O coronel Mário Colares Pantoja, comandante afastado do Batalhão de Polícia Militar de Marabá, que cumpre prisão domiciliar pelo confronto com os sem-terra, tem contra si seis mandados de segurança por acusações de abuso de poder e tentativa de extorsão.
A Agência Folha tentou contato telefônico com Pantoja, que está em Belém, mas ninguém atendeu. Seu advogado, Américo Leal, não foi localizado até as 19h de ontem.
Todos os mandados foram impetrados em janeiro de 1995, depois de uma blitz feita pela Polícia Militar nas estradas da região.
Pantoja é acusado de ter cobrado de donos de vários carros apreendidos taxas diárias de estada dos veículos no quartel da PM, sem emissão de recibos. Segundo os mandados de segurança, ele também só aceitaria pagamento em dinheiro. Um inquérito administrativo foi aberto para apurar o caso e não foi concluído até hoje.
Na ocasião, mais de cem carros com documentação irregular foram apreendidos e levados para o quartel, quando deveriam ter sido transferidos para o pátio da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) no município.
O juiz Francisco das Chagas deferiu os pedidos de mandado de segurança depois de comprovar que as multas já haviam sido pagas e que os carros continuavam apreendidos. Pantoja, então, liberou os carros aos seus proprietários sem que fosse feito o pagamento das diárias, considerado irregular pelo juiz.
Fagne Vilaça Guimarães, 23, comerciante, disse que teve o carro retido por 45 dias, até que resolveu pedir mandado de segurança.
"Meu licenciamento estava atrasado. Paguei, fui retirar o carro e um soldado no quartel disse que eu teria de pagar R$ 1.300, que era quase o valor da minha Brasília 79. Eu disse que estava disposto a pagar se tivesse recibo. Ele disse que só aceitaria dinheiro e não emitiria recibo", afirmou.
"Eu insisti que queria um recibo, o soldado me passou para um cabo, que depois me levou para conversar com um sargento e um oficial. Todos disseram a mesma coisa. Então me levaram na sala do coronel Pantoja, que disse que poderíamos negociar uma redução do valor, mas que só aceitaria dinheiro e não me daria o recibo."
O Ministério Público levou os casos adiante, mesmo depois da liberação dos carros, mas os processos continuam parados na Justiça.

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