São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Adversário pode ter matado empresário

Crime estaria ligado a licitação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Civil de Brasília começou ontem a fazer a conexão entre o assassinato do empresário Alcides José Peres e um forte esquema de licitações na área da saúde.
Esse esquema envolve prática de cartel, superfaturamento e compras fraudulentas. A Polícia Federal informou a Polícia Civil sobre a ligação de Peres com o esquema.
A 2ª Delegacia Policial, responsável pelo inquérito, trabalha com a hipótese de que os autores do assassinato possam ter concorrido com Peres em licitações para fornecimento de inseticidas e vacinas.
Na próxima semana, a polícia vai pedir à FNS (Fundação Nacional de Saúde) que dê informações sobre as licitações de que Peres participou. O objetivo é obter os nomes dos principais concorrentes.
"Vamos avaliar caso a caso", disse o delegado-chefe da 2ª DP, Djalma Eleutério da Silva. Ele disse que a PF investigará especificamente a prática de cartel, caso o inquérito confirme a conexão do crime com as licitações.
Peres era fornecedor de vacinas e inseticidas para a FNS. Era conhecido no órgão por protelar prazos em processos que perdia.
Ele estava sendo acionado pela FNS por ter entregue inseticida abaixo do padrão de qualidade. Em 92, foi indiciado com mais seis pessoas sob a acusação de corrupção no processo sobre a licitação das bicicletas que derrubou Alceni Guerra, ex-ministro da Saúde.
Seu nome surgiu em investigações da CPI do Orçamento relacionado a tráfico de influências junto ao ex-governador Joaquim Roriz.
Peres era proprietário da empresa Sainel Indústria e Comércio, que fornece ao governo inseticidas para campanhas de combate à dengue e representa o laboratório norte-americano MD2.
Ele foi assassinado com 11 tiros na última quarta-feira, em frente ao prédio da Sainel. A polícia já tem um suspeito.
É um morador da Asa Norte, 28 anos, condenado em dois processos. Ele é foragido da Justiça.

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