São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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PF define origem de fraudes do Nacional

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Vice-Presidência de Controladoria do Banco Nacional, que era ocupada por Clarimundo Sant'Anna, era o único setor do banco que tinha acesso às 652 contas correntes que serviram para a realização de supostos créditos fictícios no valor de R$ 5 bilhões.
A informação consta do relatório enviado pelo delegado Paulo Lacerda, da PF (Polícia Federal), à 4ª Vara Federal do Rio. Lacerda informa, em seu relatório, que as operações ocorreram entre 87 e 95 e eram "de acesso restrito à Vice-Presidência de Controladoria".
A PF não conseguiu determinar em que momento os créditos deixam de ser verdadeiros para se tornarem fictícios. O dado é importante para que os responsáveis pela operação possam ser apontados.
Em 1988, Arnoldo de Oliveira assumiu a administração do banco, como vice-presidente de Operações. Antes, o Nacional era dirigido por Marcos de Magalhães Pinto, presidente e sócio.
Segundo o relatório, a responsabilidade não seria somente do setor de Controladoria. Ele informa que houve nas fraudes "o concurso de diversas pessoas com poder de mando na organização".
A Folha apurou que a polícia já tem como direcionar as investigações para os vice-presidentes e controladores (família Magalhães Pinto), mesmo sem ter tido, na primeira fase do inquérito, provas para citá-los nominalmente.
A PF e a Procuradoria da República não têm mais dúvidas de que houve crime no caso das contas fictícias, baseados nas investigações do BC (Banco Central).
Artifício
O relatório da PF mostra como seria a mecânica dos créditos fictícios. "Por meio de alteração eletrônica da carteira de empréstimos, manipulando dados como taxa de juros e datas de vencimento, foram realizadas artificialmente vultosas operações como de cunho normal", escreveu Lacerda.
Ele afirma que as operações geraram "resultados financeiros positivos (...) mediante apropriação indevida de juros".

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