São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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Planalto culpa Sérgio Motta por confusão
RAQUEL ULHÔA
O presidente diz estar indignado com o que considerou inconfidência cometida por um dos seus assessores e amigos mais íntimos. Por conta disso, FHC tem desabafado a amigos que está vivendo o pior momento do seu governo. O presidente se diz deprimido com o constrangimento vivido pela ex-ministra da Indústria e Comércio Dorothea Werneck, que soube de sua demissão pela TV. Anteontem à noite, quando FHC fez questão de visitar Dorothea em seu apartamento, os dois se abraçaram e quase choraram, segundo relato do próprio presidente a interlocutores. O vazamento precipitou a saída de Dorothea e inviabilizou sua ida para o pasta da Agricultura, conforme FHC queria inicialmente. A intenção do presidente era conversar antes com a ex-ministra, explicar a necessidade de haver mudança no ministério e convidá-la para o novo cargo. Mas Dorothea estava dentro de um avião, viajando para Brasília, quando a televisão divulgou a notícia de sua substituição pelo deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), com quem havia tido várias divergências públicas. O próprio FHC foi surpreendido pela divulgação precipitada das mudanças ministeriais, pela TV. Ficou preocupado principalmente com Dorothea. Ele dá toda razão à ex-ministra por estar magoada com o tratamento recebido. O presidente está certo de que, por trás da divulgação precipitada da escolha de Dornelles para a Indústria e Comércio, havia o interesse de implodir a reforma. E isso, segundo ele, quase aconteceu. No momento em que a notícia era divulgada, FHC conversava com o presidente do PPB, senador Esperidião Amin (SC). Os pepebistas não gostaram de saber pela TV o nome do ministro e o cargo que seria ocupado, sem serem consultados. As reações retardaram a decisão final. A intenção de Fernando Henrique era fazer a reforma ministerial em junho -inclusive já havia tido uma conversa inicial com Dorothea a esse respeito. Uma das idéias que o presidente tinha era mantê-la no cargo e colocar Dornelles na Agricultura, pasta que ficou eminentemente econômica sem a Reforma Agrária. A reforma foi precipitada com a saída de José Eduardo de Andrade Vieira da Agricultura, ministério que ficará com o PTB. FHC disse a interlocutores que não pretende promover novas mudanças em sua assessoria. Texto Anterior: Sepúlveda rebate crítica de Ruth Próximo Texto: Ministra formaliza sua saída e pode deixar o país Índice |
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