São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Ministra formaliza sua saída e pode deixar o país

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Superado o mal-estar do vazamento de sua saída e com a promessa do governo de "ir para onde quiser", a ministra da Indústria, do Comércio e do Turismo, Dorothea Werneck, formalizou ontem sua demissão.
Até o momento, Dorothea não decidiu sobre seu futuro. Em uma conversa pela manhã com o ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, ela recebeu a garantia de poder ocupar o cargo que escolhesse no Brasil ou no exterior.
No início do ano, quando começaram os boatos da reforma ministerial, Dorothea havia sinalizado sua vontade de morar fora do país, possivelmente no Chile, onde o namorado uruguaio, Jaime Bezzera, trabalha como economista da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Sem compromisso
Sua assessoria disse que, a partir de hoje, a ex-ministra já vai estar afastada de qualquer compromisso referente à função.
Isso significa que ela não deve participar da cerimônia de transmissão de cargo de seu substituto, o deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ).
Em fevereiro, ela o acusou de estar articulando politicamente para substituí-la.
Na época, Dornelles afirmou que não tinha sido convidado e nunca havia pleiteado o cargo.
Menos abalada
Dorothea parecia ontem estar mais conformada com seu afastamento do que aparentava no dia anterior.
A visita do presidente Fernando Henrique Cardoso a sua casa, na noite de quinta, serviu para apaziguar os ânimos da ex-ministra.
Durante mais de duas horas, eles conversaram, entre outras coisas, sobre a causa da revolta de Dorothea: a forma de "vazamento" da demissão.
FHC teria dito que ficou "contrariado" com a divulgação da notícia antes de uma prévia consulta a Dorothea.
Ela soube que seria afastada pelo noticiário da televisão.
O presidente havia pensado em oferecer o Ministério da Agricultura para a ex-ministra.
A possibilidade foi descartada por Dorothea. Ela considera que o episódio da demissão foi mais que desgastante e que abalou inclusive sua estabilidade emocional.
Na véspera, ela havia afirmado que, mesmo se fosse convidada para a Agricultura, não aceitaria o cargo.
Visitas
O apartamento da ex-ministra, em Brasília, ficou movimentado ontem pela manhã. Além de Clóvis Carvalho, ministro-chefe da Casa Civil, estiveram lá assessores, seu chefe de gabinete e secretários do ministério.
O namorado da ex-ministra chegou a Brasília anteontem. Coincidentemente, ele estava no país participando de um seminário no Espírito Santo.
O casal deve passar o fim-de-semana em Brasília.

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