São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Denúncia de assédio afasta coronel da PM

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel da PM Hipólito Pinto de Souza, 47, foi afastado da assessoria militar da Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo por ter sido acusado de assediar sexualmente a mulher de um tenente, seu subordinado.
O coronel nega a acusação, diz que está processando seus "difamadores" e que tudo é uma grande mentira. Após sair da ouvidoria, Hipólito, como é conhecido, foi chefiar a Polícia Florestal. Em seguida, tirou férias.
O caso vinha sendo mantido em sigilo pela Polícia Militar desde que o tenente e sua mulher fizeram a denúncia na Corregedoria da PM, em janeiro passado.
O coronel Ivan Marques de Almeida, então corregedor, confirmou a existência da apuração e disse que não "vislumbrou a existência de crime militar, mas de um possível crime comum". Por isso, Almeida disse que não abriu inquérito sobre o caso.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública confirmou ontem que o motivo da saída do coronel Hipólito da ouvidoria foi a acusação de assédio e que seria constrangedor mantê-lo no gabinete do secretário enquanto a denúncia estivesse sendo apurada.
Segundo a denúncia do tenente Flávio de Pádua Godoy, Hipólito teria começado a assediar sua mulher, Patrícia, em uma festa no quartel. Enquanto o marido trabalhava como relações-públicas da festa, o coronel a teria abordado.
A mulher do tenente teria se recusado, mas, segundo a denúncia, o coronel teria insistido. Ele teria feito novos convites para a mulher. "Chegou a cercar a mulher do tenente na rua", disse o deputado estadual Conte Lopes (PPB).
Segundo a denúncia, o coronel teria ido atrás de Patrícia usando um carro da PM e a teria abordado em uma rua próxima do quartel.
"Ele ataca a mulher do tenente na praça pública com o carro da PM e fardado. Em vez de o coronel dar segurança, ele está atacando a mulher do tenente usando gasolina do Estado", disse o deputado.
Após a denúncia, o tenente foi transferido da Secretaria da Segurança Pública, onde trabalhava. Ele foi mandado para o 4º Batalhão da PM, na Lapa (zona oeste).
Ontem, disse que fez a denúncia à corregedoria da PM, mas que não ia tratar o assunto fora da corporação. "É um absurdo. O coronel apronta e eles punem o tenente com a transferência. Enquanto isso, o Hipólito ganha um comando importante, como o da Polícia Florestal", disse o deputado.

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