São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Advogada pede novo reconhecimento

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A coordenadora do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Cristina Leonardo, criticou Hélio Luz, chefe da Polícia Civil, por não promover o reconhecimento de supostos chacinadores da Candelária.
Cristina queria que a principal testemunha da chacina, o ex-menino de rua Wagner dos Santos, fosse encaminhado hoje para nova sessão de reconhecimento, antes do início do julgamento dos quatro réus da chacina, na segunda-feira.
Santos mora na Suíça por questões de segurança. Ele estava sendo aguardado no Rio hoje, para participar do reconhecimento. Agora, Cristina disse que Santos chegará direto para o julgamento.
Luz afirmou que o reconhecimento não poderia ser feito porque está nas mãos dos promotores do 2º Tribunal do Júri o inquérito policial que apura a identidade de novos supostos criminosos.
"Ela (Cristina Leonardo) não é autoridade policial nem promotora para ficar reclamando. Como vamos fazer o reconhecimento se o inquérito está com o Ministério Público?", questionou o delegado.
"Eu nunca vi isso. Uma testemunha quer resolver o caso e ninguém quer. Mais uma vez uma testemunha é desprestigiada neste país", respondeu Cristina. Para tentar uma solução, a advogada foi no final da tarde ao Fórum.
A advogada queria convencer os promotores Maurício Assayag e José Muiños Piñeiro Filho a levar o inquérito policial até o delegado da DDV (Divisão de Defesa da Vida), Jorge Serra Pereira, para forçar um reconhecimento.
Mas os promotores também negaram seu pedido, afirmando que não haveria tempo para se promover um reconhecimento antes do julgamento. Segundo eles, o reconhecimento poderia ser feito após a segunda-feira.
A advogada, porém, afirmou que Santos, por questões de segurança, vai retornar para a Suíça depois do julgamento de segunda-feira. Cristina queria que ele, "para esclarecer alguns pontos obscuros", fizesse um novo reconhecimento.
Ela defendeu um novo reconhecimento dos réus tenente PM Marcelo Cortes e do soldado PM Marcos Vinícius Borges Emanuel e de dois novos acusados: o ex-soldado Carlos Jorge Liaffa e o ex-soldado Nelson Oliveira dos Santos Cunha.
Como decorrência das novas investigações sobre o caso, Liaffa foi preso há três semanas. Também procurado pela polícia, Cunha se entregou na quarta-feira passada e confessou participação no crime.
Mas, segundo Cunha, Liaffa e o tenente Cortes não participaram da chacina. Em outubro do ano passado, Wagner dos Santos havia reconhecido Liaffa, por uma fotografia, como integrante do grupo de chacinadores.
Pela confissão de Cunha, este reconhecimento é questionado. Ao depor, Santos havia dito também que reconheceu Emanuel como um dos criminosos, mas que era a primeira vez que o via.
Mas Cunha, em sua confissão, afirmou que a motivação da chacina teria sido uma desavença entre Emanuel e Santos. "Wagner nunca tinha visto o Emanuel mais gordo na vida", disse a advogada.

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