São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Juiz não enxerga o rosto do réu

ESPECIAL PARA A FOLHA

A principal crítica ao interrogatório por computador é que o juiz não vê o rosto do réu nem ouve a sua voz. Faltariam, assim, alguns elementos para sua análise.
O juiz também precisa tomar cuidado com a linguagem. As perguntas devem ser simples, e devem ser evitadas palavras pouco comuns.
"Normalmente, os acusados são pessoas simples, com vocabulário limitado, que não entendem certos termos", adverte o promotor João Lopes Guimarães Júnior.
Outra preocupação de Guimarães Júnior é a pontuação das declarações colhidas pelo computador. "Se o digitador puser vírgula ou ponto no lugar errado, pode mudar todo o sentido daquilo que o acusado disse", afirma.
Quanto a não ver a expressão facial e a não ouvir a voz do preso, o juiz Luiz Flávio Gomes lembra que os tribunais condenam sem nunca ver o réu.
"Uma pessoa absolvida em primeira instância pode ser condenada no tribunal sem nunca ter estado lá. Os magistrados do tribunal julgam com base nos dados do processo, depois que as provas já foram produzidas", diz.
Para Guimarães Júnior, a presença do réu é insubstituível, "mas só o dia-a-dia mostrará eventuais deficiências ou vantagens do novo sistema".
Na opinião do desembargador Márcio Bonilha, corregedor geral da Justiça, as vantagens superam as desvantagens."Agiliza muito a atuação do Judiciário."

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