São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Governo anuncia pacote antidesemprego

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para minimizar prováveis críticas ao reajuste do salário mínimo, que deve ficar próximo de 15% e poderá ser considerado insuficiente por sindicatos e oposição, o governo vai anunciar na segunda-feira pacote de medidas para aumentar o número de empregos e melhorar a qualificação profissional.
O índice de reajuste do mínimo e dos benefícios da Previdência Social foi discutido ontem em reunião no Palácio do Planalto.
A proposta apresentada pela área econômica prevê um reajuste de 12,79%, mas aceitaria até 15% (mais viável politicamente).
O reajuste será fixado através de MP (medida provisória) e vai vigorar a partir de 1º de maio. Com isso, o mínimo deverá passar de R$ 100 para R$ 115.
A intenção original era não permitir reajuste superior a 10%, porque nos três primeiros meses deste ano as despesas da Previdência com pagamento de benefícios superou a receita líquida.
O porta-voz do Palácio do Planalto, embaixador Sergio Amaral, disse ontem que a reunião não foi conclusiva e que o novo mínimo será anunciado em 1º de maio.
"O ministro Paulo Paiva (Trabalho) pode anunciar o reajuste em em pronunciamento em cadeia nacional", disse Amaral.
Ele, no entanto, não descartou a possibilidade de o novo salário mínimo ser anunciado na solenidade de segunda-feira. "Perigo sempre há, mas não está previsto."
Pacote
Na cerimônia de segunda-feira, no Palácio do Planalto, o presidente FHC vai lançar o Proemprego, para financiar obras de saneamento ambiental, transporte de massa e infra-estrutura de turismo.
Os recursos virão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e somam R$ 6 bilhões.
A intenção, com o Proemprego, é estimular a contratação de mão-de-obra, financiando grandes obras, como metrôs.
A solenidade fará parte das comemorações do dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalho.
Será assinado também um convênio com os Estados para repasse de R$ 300 milhões do FAT, para qualificação e treinamento de 1,3 milhão de trabalhadores.
Reforma
O governo vai instalar o CNT (Conselho Nacional do Trabalho), para começar as discussões sobre a reforma trabalhista. Segundo Paiva, o conselho vai discutir opções de política de emprego do país.
"Será o fórum adequado para discutirmos as mudanças na legislação trabalhista", afirmou.
O CNT é tripartite e formado por 18 integrantes, sendo seis representantes do governo (seis ministros), seis dos empresários e seis dos trabalhadores.
Paiva disse que o conselho começará a discussão da reforma trabalhista já a partir de maio. O governo quer primeiro acabar com a unicidade sindical e com a contribuição compulsória.
A idéia é fortalecer as bases dos sindicatos dos trabalhadores, permitindo a criação de mais de uma entidade na mesma base territorial.

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