São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Michel Moglia extrai sons do fogo em SP

FABIAN DÉCIO CHACUR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O francês Michel Moglia, 50, é um músico quente. Nos dois sentidos. Ele criou um novo instrumento, o pirofone, espécie de órgão que se vale do fogo -sim, fogo- para criar sons. Seu trabalho inovador pode ser conferido hoje e amanhã no Parque da Independência.
Participam das apresentações o grupo mineiro Uakti e a cantora Patrícia Calypso. O evento marca o lançamento do 6º Festival Internacional de Artes Cênicas de São Paulo, de 18 de agosto a 8 de setembro, e pelo Sesc Ipiranga.
Moglia tem formação erudita e tocou flauta na Ópera de Paris durante 15 anos. A vocação para o experimental manifestou-se num contato com músicos africanos.
Pouco depois, trabalhos com esculturas chamaram sua atenção para os encantos do fogo. "Escutar os sons gerados pelo fogo me levou a relacionar o sopro do fogo com o sopro humano e a querer criar um instrumento musical a partir disso", explica o músico.
Criado há 10 anos, o pirofone se assemelha a um órgão sem teclas, composto por tubos que variam de tamanho. "É um instrumento que não toca música convencional, não usa normas tradicionais para buscar novos rumos sonoros."
Ele não encara com temor o uso do fogo no seu trabalho: "O fogo em si não é perigoso. O que pode torná-lo perigoso é a sua má utilização. Corro mais riscos indo de carro às minhas apresentações".
Uakti e CDs
Moglia conheceu o Uakti atraído pelos elogios de colegas franceses. Também se interessou pelo fato de o grupo mineiro construir instrumentos musicais de forma não-convencional e avalia o encontro como excelente. "A música é uma língua sem fronteiras, e nosso entendimento não poderia ter sido melhor."
Michel Moglia não grava discos, por opção própria. "Já recebi convites para gravar, mas acredito que um disco não seria capaz de reproduzir com fidelidade os sons que crio. A vida é efêmera e não-repetitiva, minha música também.

Show: Michel Moglia
Onde: Parque da Independência (pça. do Monumento, s/nº, Ipiranga)
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 19h30
Entrada: grátis

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