São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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Israel e Hizbollah acertam cessar-fogo
IGOR GIELOW
O acordo, que entraria em vigor às 4h de hoje (22h de ontem em Brasília), não garante a paz definitiva, apenas o fim do conflito atual -que completou 16 dias ontem- em áreas civis. "Vamos trabalhar para assegurar outros termos de paz a partir deste cessar-fogo", disse em Beirute o premiê libanês, Rafik al Hariri. O documento, assinado por Israel, Líbano, Síria, EUA e França, assegura apenas o fim das operações militares em áreas civis. "Concordamos em parar os ataques que envolvam áreas não-civis. Mas reagiremos se formos atacados", afirmou Shimon Peres, primeiro-ministro de Israel. Ou seja, o Hizbollah se compromete a não atacar alvos no norte de Israel, e as tropas israelenses prometem deixar as cidades do sul do Líbano fora da linha de fogo. Civis Desde o começo da Operação Vinhas da Ira, nome dado para os ataques israelenses, 500 mil pessoas foram expulsas de suas casas no sul libanês e mais de 150 morreram. Cinco eram do Hizbollah, alvo primário de Israel. Em Israel, 54 pessoas ficaram feridas -pelo menos três com gravidade- nos ataques com foguetes russos Katiucha, que chegam aos guerrilheiros vindo do Irã por meio de rotas na Síria. O ataque israelense, na quinta retrasada, ao centro de refugiados da ONU em Qana, chocou o mundo e acelerou as negociações. Morreram 101 civis libaneses. O acordo proíbe o uso de áreas civis e de infra-estrutura (fábricas, viadutos) para o lançamento de ataques -recado ao Hizbollah, acusado de atirar a partir de pontos próximos a aldeias. Ao omitir o destino das tropas israelenses que ocupam o sul do Líbano e como serão avaliadas ações em áreas "não-civis", o acordo dá margem a mais violência mesmo durante o cessar-fogo. "A discussão de todos os outros pontos fundamentais à paz na região será feita a seguir", disse o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher. O secretário arquitetou o plano durante sete dias de viagens entre Damasco e Jerusalém, além de uma parada no Líbano. O chanceler francês, Hervé de Charette, passou dez dias na região e foi saudado no Líbano como o idealizador do cessar-fogo (leia texto nesta página). Acompanhamento Será formado também um grupo de monitores internacionais para garantir o cumprimento dos termos do acordo, com membros originários dos países signatários do documento concluído ontem. Não foi especificado, porém, se esses monitores terão algum posicionamento militar na região. Outro comitê será organizado por EUA, França, Rússia, União Européia e qualquer país interessado para reconstruir a infra-estrutura libanesa, esmagada por 17 anos de guerra civil e pela campanha israelense atual. Prejuízo O governo libanês estima que os ataques israelenses custaram, além das vidas, cerca de US$ 800 milhões ao país -quase um terço de seu PIB, a soma das riquezas e serviços produzidos em um ano. O Banco Mundial deverá criar linhas de crédito para os investidores definidos pelo comitê. Nenhum dos grupos tem data para começar a funcionar. Texto Anterior: Paraguaios vão às ruas pedir prisão de general Próximo Texto: Trégua pode esconder paz sírio-israelense Índice |
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