São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996 |
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Trégua pode esconder paz sírio-israelense
IGOR GIELOW
A lógica do processo, segundo avaliação de diplomatas ocidentais e membros do governo libanês ouvidos ontem, é eleitoral. Em termos práticos, o Líbano deve voltar à situação anterior à Operação Vinhas da Ira, com combates esporádicos permitidos dentro da zona de segurança e paz controlada no resto do território. A Síria não se pronunciou sobre o acordo. Como o presidente Hafez al Assad já vinha tocando negociações secretas com Israel para ter as colinas do Golã de volta -elas foram tomadas na Guerra dos Seis Dias (1967)-, é muito provável que um acordo secreto só venha a ser revelado seguindo rígido calendário eleitoral. Calendário Se anunciasse a devolução de Golã hoje, Peres perderia o voto mais conservador que reconquistou com os ataques no sul libanês para a eleição de 29 de maio. Se vencer as eleições, Peres pode então preparar o anúncio da devolução -condição essencial dos sírios para assinar a paz na região. Neste meio-tempo, se o Hizbollah for controlado e os ataques contra Israel realmente cessarem, a retirada do sul do Líbano pode ser estruturada. "Não temos nenhum interesse territorial no Líbano", frisou Peres ontem em Jerusalém. A partir daí, os anúncios começam a favorecer o principal competidor em eleições deste ano -o presidente dos EUA, Bill Clinton, que a reeleição em novembro. Síria Resta saber se o presidente Al Assad vai querer participar pessoalmente do processo. Ele é tido como um negociador de bastidores e avalia-se, nos meios diplomáticos, que ele pensaria duas vezes antes de assinar algo. Assad temeria passar a imagem de traidor para os radicais que manobra no Líbano. Processo semelhante ocorreu com Arafat. Mas, para Clinton, o quadro de campanha só seria completo com o próprio Al Assad, e não um subalterno. (IG) Texto Anterior: Israel e Hizbollah acertam cessar-fogo Próximo Texto: Ataques prosseguem apesar de anúncio Índice |
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