São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Acusados podem ser soltos em dez dias

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Dentro de dez dias, três dos quatro novos acusados de participação na chacina da Candelária deverão ser soltos pela Polícia Civil.
Na previsão dos promotores, o único a permanecer preso deverá ser o ex-soldado da Polícia Militar Nélson Oliveira dos Santos Cunha, que confessou ter atuado na matança de oito menores de rua na madrugada de 23 de julho de 1993.
Além de Cunha, estão presos em regime temporário de 30 dias os soldados Marcos Aurélio Dias Alcântara e Nilton Oliveira e o ex-PM Carlos Jorge Liaffa Coelho.
Cunha, Alcântara, Oliveira e Liaffa foram presos porque novas investigações sobre a chacina indicaram que eles poderiam estar envolvidos com um grupo de extermínio atuante no centro do Rio.
Os quatro estão sendo investigados em inquérito na DDV (Divisão de Defesa da Vida) da Polícia Civil. Este inquérito apura novas informações obtidas pela polícia sobre o massacre da Candelária.
Fim do prazo
A prisão temporária dá à Polícia Civil 30 dias para encontrar indícios que resultem na abertura de processo judicial. Caso contrário, os suspeitos terão de ser libertados. Este prazo acaba no dia 12.
A situação mais cômoda é a de Nilton Oliveira. Ele não foi reconhecido pela testemunha Wagner dos Santos nem apontado nas confissões de Cunha e de Marcos Vinícius Borges Emmanuel.
Contra Liaffa pesa o reconhecimento feito anteontem por Wagner dos Santos. A testemunha o apontou como o autor do tiro que recebeu na cabeça na chacina.
O reconhecimento diverge da confissão de Cunha, que assumiu a autoria do tiro. A identificação, porém, é vista com reserva pelo presidente do inquérito, delegado Jorge Serra Pereira, da DDV.
Os promotores do caso, José Muiñoz Piñeiro Filho e Maurício Assayag, também tendem a dar mais valor às confissões do que aos reconhecimentos de Santos.
Falta de provas
Nas confissões, Cunha e Emmanuel também acusam o soldado Alcântara como envolvido na chacina. Alcântara nega e não foi reconhecido por Wagner.
Sem as confissões, as investigações estariam pouco avançadas. Nem Ministério Público nem polícia conseguiram provas concretas do envolvimento dos acusados.
Todos os quatro réus iniciais -Emmanuel, Jurandir Gomes de França, Marcelo Ferreira Cortes e Cláudio Luiz Andrade dos Santos- estão presos há quase três anos porque foram reconhecidos por com meninos de rua.

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