São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Centrais convocam sociedade para greve

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT e a Força Sindical, em atos separados do 1º de Maio, ontem, convocaram a sociedade a iniciar já a preparação da greve geral de um dia no país.
"Diante dos assassinatos dos sem-terra no Pará, do pequeno reajuste do salário mínimo e das aposentadorias, só nos resta ir à luta. Inclusive para fortalecer a negociação", disse o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, em ato na Paulista.
O diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, falou em paralisação com a participação de empresários.
"Queremos uma grande união da sociedade contra um problema comum: o desemprego", disse Paulinho em ato no auditório do 1º andar da sede da Força Sindical, na Liberdade, São Paulo, com cerca de 1.500 pessoas.
"Vamos discutir com a CUT para ver o que é possível articular em conjunto na defesa das reformas, fundamentais para a geração de emprego", afirmou Paulinho.
Vicentinho descartou uma paralisação com empresários.
"A nossa greve não é greve com patrão, não é greve com a Fiesp. Os empresários também têm do que reclamar, mas querem reformas que prejudicam o trabalhador."
Vicentinho considerou "inaceitável" o reajuste de 15% na aposentadoria. "Os aposentados têm de viver com um salário mínimo, mas o presidente ganha aposentadoria de 71 mínimos, o vice-presidente (Marco Maciel), de 145 mínimos, e o ministro da Previdência, Renhold Stephanes, de R$ 4.000."
Participação
A manifestação da CUT, que começou por volta das 10h30 em frente ao Masp, na Paulista, contou com a presença de 1.500 pessoas, segundo a PM, e com mais de 3.000, segundo os organizadores.
Os manifestantes seguiram em passeata, que chegou a impedir completamente o trânsito na Paulista, até a sede do Banco Central, na esquina com a rua Frei Caneca.
Acompanharam o protesto cerca de 80 PMs. Não houve conflitos.
Também fez passeata na Paulista a Frente Social Democrata de Sindicatos, movimento por uma nova central sindical coordenado por Enilson Simões, o Alemão, ex-secretário-geral da Força Sindical.
A passeata, com cerca de 1.000, começou às 10h na praça Oswaldo Cruz e acabou às 13h na esquina com a Consolação.
Luta de classes
No ato da CUT, Vicentinho afirmou que a central deve promover "a luta de classes" pois "a questão da terra não se resolve enquanto não existir solidariedade concreta dos trabalhadores urbanos". O ex-presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a greve geral.

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