São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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A última tentação de Serra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Cresce a pressão do alto tucanato para que o ministro do Planejamento, José Serra, seja o candidato do partido na eleição para prefeito de São Paulo. Serra diz não querer.
Mas o ministro parece já não negar a possibilidade com muita ênfase.
Serra começaria com 15% das preferências, no mínimo, segundo pesquisa do Datafolha.
Em 94, na eleição para o Senado, teve 2,4 milhões de votos na cidade de São Paulo. Luiza Erundina (PT), que disputou o mesmo cargo, teve 1,7 milhão de votos na capital paulista.
Era outra eleição. Outra época. Mas não deixa de ser um indicador. No mínimo, é correto dizer que Serra entraria na disputa com chances reais.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, diz estar definitivamente fora da disputa. Com isso, Serra é o único candidato de expressão nacional que resta aos tucanos.
No caso de Serra recusar outra vez, o candidato do PSDB deve ser o deputado estadual Walter Feldman.
Por que Serra não quer? O ministro pensa mais alto. Quer ser governador em 98. Já está em campanha. É rara a semana em que ele não visita cidades do interior paulista.
Serra trabalha com a hipótese de não haver reeleição. Ou, no máximo, de não haver reeleição para governadores. Acha que o Senado, onde há muitos candidatos a governos estaduais, não aprovará a reeleição de governadores para 98.
"Se você é meu inimigo, trabalhe pela minha candidatura", dizia Serra aos que lhe procuravam para falar da Prefeitura de São Paulo. O ministro não estava brincando.
Agora, Serra parece não estar mais tão convicto. Publicamente, porém, nega. "Sou inconvencível", diz.
FHC pode ser o responsável pelo começo de mudança no humor do ministro. Afinal, o presidente quer ganhar em São Paulo. E tem dito algo peremptório para aliados próximos: "Se o Serra estiver bem nas pesquisas, teremos que forçá-lo a ser candidato".

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