São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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Fernanda Abreu traz seu som "da lata" de volta a São Paulo

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernanda Abreu está em dívida com São Paulo. O pagamento vem hoje, com a reestréia do show "Da Lata" -que a cantora já havia apresentado na cidade em dezembro do ano passado.
"Naquela época, não fiz o show como eu queria", diz Fernanda, em entrevista à Folha.
Segundo ela, o problema foi o palco do Tom Brasil, que não tem urdimento -um espaço onde os cenários ficam suspensos.
O que os paulistas viram foi apenas um dos três cenários projetados por Luiz Stein, marido de Fernanda: uma estrutura feita com uma tonelada de sucata.
Os outros dois, que estarão no Palace, são compostos por "eletrotelas" (telas gigantes com fotos da cantora) e letras metálicas.
O repertório também muda um pouco, com a entrada de músicas dos dois primeiros discos, como "Speed Racer" e "Be Sample".
Fernanda acredita que, agora, acertou o "timing" do show. "Tem uma história. Começa com samba-funk, passa pelo charm, MPB, disco e volta para o funk."
Pela primeira vez, chamou um DJ para abrir o show: o escolhido foi Will Robson, do Sub Club.
Disco ao vivo
As três apresentações no Palace podem virar disco ao vivo, com lançamento no final do ano.
"Não tenho certeza", diz Fernanda. "Pode ser um disco inteiro ao vivo. Ou uma mistura de quatro coisas: faixas ao vivo, músicas inéditas, remixes e releituras."
Num país onde não existe o "single", remix é uma coisa complicada. "É um absurdo. Já fiz um monte de remixes, mas não tenho como lançá-los em single", diz.
"Mando para as rádios, não tocam. Se fossem lançados, venderiam. É o ideal para a dance." No momento, prepara remix para "O Brasil É o País do Suíngue".
Acid samba
Em março, "Da Lata" ganhou versão japonesa, via EMI. Já vendeu 6 mil cópias. Lá, é conhecida como "Miss Acid Samba" (o título veio colado na capa do CD).
Há 20 dias, Fernanda assinou contrato com o selo alemão Toten -o mesmo que Peter Gabriel usa para lançar seus preferidos.
A cantora acredita que pode ser bem recebida na Europa. "Esse disco tem uma identidade brasileira, o que é fundamental", diz.
Não pensa em shows internacionais. "A produção é complicada. Vou ao Japão para entrevistas."
Indicada para o Prêmio Sharp em duas categorias (pela música "Veneno da Lata" e pelo projeto visual da capa), Fernanda não ficou satisfeita. "Foi uma decepção o disco não ter sido indicado."
"Da Lata" é seu trabalho mais bem-sucedido: chegou às 90 mil cópias vendidas, contra as 40 mil do anterior, "Sla 2 - Be Sample".
"Ainda não temos um mercado dance", diz. "Falta abertura do rádio para esse tipo de música."

Show: "Da Lata", Fernanda Abreu
Quando: 3 e 4 de maio, 22h; 5, 20h
Preço: R$ 20 e R$ 30
Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 867-8687)

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