São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Salário em S. Paulo caiu a 1/4 do valor em 33 anos

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1963, quando os filhos da classe média frequentavam a escola pública, o então professor primário ganhava o equivalente a R$ 1.042,61 no Estado de São Paulo.
Em março último, o professor da 1ª à 4ª séries do 1º grau recebeu um contracheque com R$ 238,55 -um quarto do valor de 1963.
Os dados são da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e referem-se a uma jornada de 20 horas semanais.
O governo Covas registra o menor valor para o mês de março -antiga data-base dos professores, extinta em 1987 (veja quadro).
Mas, quando se contabilizam todos os meses, o troféu de pior pagador fica com o governo Fleury. Em dezembro de 1993, os professores receberam o menor vencimento desde 1963 -R$ 171,77. A Apeoesp não tem registro de salários antes de 1963.
O salário mais alto desde 1963 foi pago no primeiro mês do governo Maluf, em março de 1979 -o equivalente a R$ 1.442,26.
Foi no período em que Maluf governou (1979-82) que os salários dos professores acumularam a maior perda -52,24%.
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo é o maior empregador do país. Só de professores são 240 mil neste ano, responsáveis por 6,7 milhões de alunos.
Uma das saídas para aumentar os salários e elevar a qualidade das aulas é entregar escolas para os municípios, diz Hubert Alqueres, 35, secretário-adjunto do órgão.
São Paulo é uma exceção. Em outros Estados, 35% dos alunos de 1º grau estão em escolas municipais. No Estado de São Paulo, tirando a capital, essa taxa é de 3%.
A municipalização começou há um mês e está provocando efeitos imediatos nos bolsos dos professores. Cinquenta escolas estaduais foram entregues a três municípios -Santos, Jundiaí e Ilha Solteira.
Nos dois primeiros casos, professor que ganhava R$ 517 por uma jornada de 40 horas semanais passaram a receber um complemento de R$ 300 da prefeitura.
Outro aumento pode vir da emenda constitucional que propõe uma redistribuição das verbas para educação. Caso seja aprovada, a secretaria estima que os salários poderão receber um aumento de 40%. O valor investido em cada aluno deverá saltar de R$ 411 para R$ 650.

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