São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Marketing amplia 'salário' de pedinte

MALU GASPAR
ROGÉRIO SCHLEGEL

MALU GASPAR; ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Para conseguir um trocado, vale falar inglês, apelar a tia paralítica de 150 kg ou exibir 'book-miséria'

O marketing da miséria chegou às ruas de São Paulo. Para aumentar os rendimentos, os pedintes ou vendedores de semáforos estão abandonando o velho método de carregar crianças e adotando estratégias mais agressivas.
Vale falar inglês, fazer campanhas para uma suposta tia paralítica de 150 quilos, criar uma mirabolante história de roubo de esfihas ou exibir o "book-miséria" (pasta mostruário que contém fotos de pessoas sofrendo ou o treinamento de guardas-mirins).
Quem aplica a reengenharia da mendicância diz que consegue ganhar muito mais que aqueles que se mantêm na técnica tradicional.
Alguns chegam a faturar R$ 2.200 por mês. Um pedinte tradicional ganha, em média, R$ 200, quase dois salários mínimos.
O importante é ser diferente. "Falar inglês é meu marketing. Tenho certeza que ganho bem mais por causa disso", explica o vendedor de balas José Roberto da Silva, que aprendeu frases do idioma com professores do Anglo e diz conseguir distinguir o sotaque inglês do norte-americano.
Na avenida Paulista, proliferam os pegadores. São pessoas vestidas de branco que agarram o pedestre pelo braço para medir a pressão. Pedem qualquer ajuda, mas insistem em receber R$ 2,00.

LEIA MAIS sobre os pedintes nas págs. 2, 3, 5 e 6

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