São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Paulista vira uma "prova de obstáculos"

MALU GASPAR; ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Lavadores de pára-brisa, hare krishnas, vendedoras de cosméticos, ambulantes e contadores de casos em geral transformam a avenida Paulista (região central de São Paulo) e seus cruzamentos em uma "prova de obstáculos" para motoristas e pedestres.
O pedestre gasta perto de 40 minutos para percorrer os 2.500 metros da avenida num dia útil.
Se for parado por todos que assediam para vender ou pedir, gastará oito minutos extras (20% do tempo).
Quem circula de carro pela área terá que desembolsar R$ 6 -se der pelo menos R$ 1 a cada vendedor ou pedinte que abordam motoristas parados nos semáforos de cruzamentos da avenida.
Isso daria R$ 180 se a pessoa passar uma vez por dia durante um mês na avenida.
'Salgadinho'
Na frente das três lojas do McDonald's, funcionárias abordam quem passa para explicar as vantagens de consumir um combinado de hambúrger, refrigerante e batata frita.
"E ainda um brinde surpresa", insistem.
Delicadamente, não interrompem a caminhada. Apenas passam a acompanhar o passo do transeunte-alvo enquanto falam.
Promotoras da campanha Vamos ao Teatro chamam os passantes de "Salgadinho" e pedem que levem a "Lucineide" (referência a personagens da novela das 20h, da TV Globo) a um espetáculo.
Camelôs que trocaram o centro pela área congestionam as calçadas e, em alguns pontos, estrangulam a passagem com produtos que vão do guarda-chuva colorido à vara de pescar.
No cine Gazetinha, a menina Vanessa usa a adulação para tentar seduzir o cliente em potencial. Quando a venda não sai, as expressões "lindão" e "gatinha" são trocadas por xingamentos.
(MALU GASPAR E ROGÉRIO SCHLEGEL)

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