São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Assalariado sonha ser camelô

DA REPORTAGEM LOCAL

O encarregado de limpeza José Tomás de Santana Filho ganha salário líquido de R$ 137 (R$ 150 bruto) por 40 horas semanais de trabalho, nas quais varre, limpa banheiros e carrega sacos de lixo.
Casado, mora com três de seus seis filhos e tem a renda familiar complementada pelos R$ 200 que a filha recebe.
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Folha - Seu salário dá para passar o mês?
José Tomás de Santana Filho - Antes de meu filho perder o emprego, dava, porque ele ajudava. Agora, passamos só com o dinheiro meu e de minha filha. Na família, há dez pessoas desempregadas.
Folha - É como o senhor faz?
Santana - Não está dando para pagar as contas. Comprei um fogão em dez prestações de R$ 36. Em abril, não tive dinheiro para pagar. A luz também está vencida. Ando sufocado.
Folha - O senhor sabe que, na rua, muita gente ganha mais?
Santana - Sei e já pensei em entrar para o comércio. É melhor trabalhar sem carteira, sem patrão. É um trabalho honesto. Mas pedir acho uma vergonha.
Folha - O senhor iria vender o quê?
Santana - Queria juntar dinheiro para montar uma barraquinha. Ou conseguir uma chance com o conjunto de música sertaneja da nossa família.

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