São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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A experiência da linguagem

Para Creeley, a poesia tem origem nas palavras e no poeta

JOÃO ALMINO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não tem sido frequente a vinda de grandes nomes da poesia norte-americana ao Brasil. Alegra-me, portanto, a passagem do poeta Robert Creeley pelo país.
Quando ele me deu a notícia, em março passado, disse que já não se entusiasmava com essas viagens, que foram tantas mundo afora. Mas recebera um convite para ir ao Paraguai e sentia que era também a ocasião de passar por São Paulo, conhecer seu tradutor para o português e "ter uma breve oportunidade de ver aquela metade da América que está tão submersa na nossa cultura oficial".
Já o conhecia de trabalho quando tive a oportunidade de travar contato com ele, há cerca de dois anos: o fato de que estava sendo preparado seu primeiro livro em português pelo poeta Régis Bonvicino estimulou nossa comunicação.
Com 70 anos, Creeley é um dos grandes nomes da poesia norte-americana contemporânea, referência para gregos e troianos: costas Leste e Oeste, poetas da linguagem, beats e objetivistas. Morando em San Francisco, vou com frequência a eventos de poesia. Em 8 de abril, o poeta Robert Hass organizou no Herbst Theater uma leitura, com a presença de Michael Palmer, Czeslaw Milosz, Gary Snyder e Allen Ginsberg, entre outros. Ali, Palmer citou Creeley, ao ler poemas dedicados ao pintor Kitaj. Uma semana depois foi a vez de uma homenagem a Lawrence Ferlinghetti, em Berkeley. Ali também o nome de Creeley era lembrado.
Nesse caso, a unanimidade está longe de ser burra. Ela vem de uma linhagem comum, uma tradição alternativa e experimentalista, cujos principais pontos de referência são as poesias de Williams e Pound. Com curso incompleto em Harvard, Creeley tornou-se professor do Black Mountain College, na Carolina do Norte, em 54, a convite do poeta Charles Olson.
Ali, fundou a "Black Mountain Review". Entre os três grandes poetas da Black Mountain, Creeley é o único sobrevivente. Os outros dois são Ols

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