São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Vida trágica reflete-se na obra

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O destino trágico e a personalidade apaixonada de Frida Kahlo atrairiam mais atenção para sua biografia do que para sua obra, não fosse esta o reflexo exato daquela.
Aos 18 anos, vítima de grave acidente de trânsito, Kahlo quebrou a coluna vertebral e foi atravessada, na altura da bacia, por uma barra de ferro que lhe saiu pela vagina.
Seu corpo partido nesse acidente, e a experiência da dor física que haveria de acompanhá-la vida afora, seria o primeiro motivo de sua arte. O segundo era também doença, só que da alma -o amor pelo pintor muralista mexicano Diego Rivera (1886-1957), seu marido, amante, pai e filho, como ela o via.
Na pintura de Kahlo, repleta de auto-retratos, Rivera aparece por vezes dentro da cabeça dela, como mais um órgão de seu corpo.
Um dos melhores estudos sobre o trabalho de Frida Kahlo -"Fantasía de un Cuerpo Herido", de Araceli Rico- analisa-o do ponto de vista do corpo como "palco do ser", em palavras de Merleau-Ponty, como o único veículo do ser através do mundo, estando por isso no centro do visível e sendo "o fim imperceptível na direção do qual todas as coisas olham".
(MF)

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