São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Cidade pode contaminar planeta

DA AGÊNCIA FOLHA EM SANTOS

O despejo anual de milhares de toneladas de poluentes nos mangues de Cubatão pode comprometer o sistema reprodutor das aves, com reflexos em ecossistemas distantes milhares de quilômetros.
"Isso pode condenar gerações de aves, muitas delas já em risco de desaparecimento. Maçaricos, contaminados em Cubatão, irão migrar para o Alasca, afetando aquele ecossistema", afirmou Olmos.
Além disso, os biólogos afirmam que as aves contaminadas em Cubatão serão fonte de alimentação de predadores. Ao consumi-las, esses animais também estarão se contaminando.
"Ave não tem fronteira. Por isso, de nada adianta, por exemplo, o governo norte-americano cuidar do seu meio ambiente, pois as aves saem e retornam para lá, contaminadas pelos poluentes de Cubatão", afirmou Olmos.
Em parceria com o Instituto de Biociências da USP, os pesquisadores coletaram amostras de tecido e sangue de guarás e garças azuis, para análise dos componentes genéticos dessas espécies e os efeitos da poluição nas aves.
Rãs disformes
Nos mangues de Cubatão, segundo dados da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), são despejados anualmente mais de 9.000 toneladas de esgoto, chumbo, mercúrio, cádmio, níquel, manganês e outros metais pesados.
Em 1983, no início da implantação do projeto de controle da poluição do parque industrial de Cubatão, o biomédico Paulo César Naoum, assessor da Organização Mundial da Saúde, pesquisou o efeito da poluição em rãs dos mangues da cidade.
"Encontrei um quadro macabro: 75% das rãs analisadas apresentavam lesões nos rins, fígado e intestinos. Em comparação com rãs de locais não poluídos, as de Cubatão apresentavam mudanças genéticas, como a pele do ventre mais grossa", afirmou Naoum.

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